Operação Saque Marcado

Bando que praticava 'saidinha de banco' escolhia vítimas pelo barulho do caixa

Investigação apontou que a quadrilha se guiava pelo som para saber o tempo da contagem de notas e, assim, encontrar maiores quantias de dinheiro; grupo atuava em BH e Lagoa Santa

Por Rômulo Almeida
Publicado em 06 de maio de 2020 | 12:21
 
 
 
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Uma quadrilha que praticava o crime conhecido com "saidinha de banco" em Belo Horizonte e Lagoa Santa foi presa nesta quarta-feira (6), nessas cidades. Atuando desde o fim de 2019, eles escolhiam as vítimas com base no barulho do caixa eletrônico no momento da liberação das cédulas. Quanto maior fosse o tempo da contagem das notas pela máquina, eles supunham que maior seria a quantidade de dinheiro. Um membro do grupo repassava as informações para um comparsa do lado de fora que abordava a vítima. A operação Saque Marcado e presidida pelas Polícias Federal e Civil de Minas Gerais.

A quadrilha praticou pelo menos 11 assaltos no segundo semestre de 2019 em Belo Horizonte e região metropolitana. Os delegados da Polícia Civil, Murillo Ribeiro, e da Polícia Federal Alexander Castro explicaram como o grupo agia para selecionar as vítimas.

Segundo o delegados, um membro do grupo ficava no interior da agência e identificava o valor sacado pela possível vítima com base no barulho do caixa eletrônico no momento em que a máquina liberava as cédulas. Quanto mais tempo demorasse a liberação, eles supunham que maior seria a quantia sacada pelo cliente. As característica da vítima eram passadas para um comparsa do lado de fora do banco, que abordava a vítima e dava cobertura na fuga.

Os membros da quadrilha se revesavam nas funções da prática do crime para não ficarem marcados pelos seguranças. "Alguns disfarçam com roupas sociais aparentando ser pessoas que frequentavam agências bancárias", relata Murillo. 

De acordo com o delegado Alexander, gerentes dos bancos não estavam envolvidos na ação da quadrilha.

Um dos assaltos aconteceu próximo a uma agência do Banco Itaú na avenida Abraão Caram em Belo Horizonte no fim do ano passado.

As investigações começaram quando as forças de segurança observaram uma sequência de crimes do mesmo tipo em um curto espaço de tempo. A operação é presidida pelas Polícias Civil e Federal e tem participação do Departamento Penitenciário, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal.

Os investigados serão indiciados por roubo majorado e constituição de organização criminosa. Os agentes apreenderam anotações e equipamentos eletrônicos com o grupo. As penas por roubo majorado com emprego de arma de fogo e condição de organização criminosa podem render até 28 anos de prisão aos suspeitos.

Auxílio Emergencial

Períodos de pagamentos como o início de mês e atualmente, com a liberação do Auxílio Emergencial exigem cuidados da população, que fica mais vulnerável à saidinha de banco. "O alerta é para que as pessoas tomem cuidado ao se dirigir a uma agência bancária, sejam discretas, evitem contar dinheiro perto de outras pessoas e frequentem as agências no horário de maior movimentação para evitar esse tipo de crime", diz o delegado Murillo.

Mudanças na direção da PF

A reportagem questionou o delegado Alexander Castro da Polícia Federal sobre as mudanças na direção da corporação, como a troca do diretor-geral e do superintendente do Rio de Janeiro, feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, mas o delegado disse que não vai se pronunciar sobre o tema.

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