Educação

BH avalia volta às aulas presenciais para março

Segundo secretaria municipal de Educação, possibilidade é analisada para educação infantil, já que aparentemente há um risco menor de contaminação nessa faixa etária

Por Gabriel Rodrigues e Aline Gonçalves
Publicado em 29 de janeiro de 2021 | 14:47
 
 
 
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A Prefeitura de Belo Horizonte informou, nesta sexta-feira (29), que avalia a possibilidade da volta às aulas presenciais na capital mineira a partir de março. Em princípio, a prioridade seria para o retorno da educação infantil, que abrange crianças com menos de seis anos, porém o plano ainda não foi detalhado pelo governo municipal. 

"Se tudo correr bem, se a cidade permanecer com os cuidados, estudamos, sob  orientação dos nossos especialistas, a possibilidade de um retorno em março”, afirmou a secretária municipal de Educação,  ngela Dalben, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (29), com participação do prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Ela não deu informações sobre quais parâmetros a prefeitura utilizará para determinar a segurança do reinício das atividades presenciais. Até então, oficialmente o governo considera que o parâmetro seguro seria atingir até 20 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes — o número está 415,2 e o comitê de enfrentamento à pandemia na cidade já havia sinalizado que o critério poderá ser revisto. Ao mesmo tempo, o Ministério Público de Minas Gerais cobra que o Executivo municipal defina parâmetros precisos para permitir as atividades. 

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Kalil disse que o planejamento inicial previa abertura da escolas ainda em fevereiro. Contudo, de acordo com o prefeito, é necessário aguardar estudos sobre os efeitos de novas cepas do coronavírus sobre a saúde de crianças, fenômeno que não é consenso entre especialistas. BH registra um único caso de óbito por Covid-19 de alguém entre 10 e 14 anos, até então, segundo a prefeitura. Em Minas, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), há 37 mortes de crianças e adolescentes de até 19 anos pela doença.  

O retorno às aulas presenciais não será condicionado à vacinação dos profissionais da educação, segundo o secretário municipal da Saúde Jackson Machado. 
“Seria ideal, mas estamos recebendo vacinas a conta gotas, então não sei se, (até março), conseguiremos vacinar todos da educação, até porque o contigente é muito grande e há uma fila esperando para ser vacinada, além disso. Sabemos que a circulação do vírus é um pouco menor nessa faixa etária (infantil) e que os professores desse grupo são um pouco mais jovens, então o risco é um pouco menor. Estudamos protocolos para um número muito pequeno de estudantes dentro das salas”, disse. 

As aulas presenciais estão restritas em Belo Horizonte desde março de 2020, quando surgiram os primeiros casos de Covid-19 no Brasil.

Sindicatos de escolas e de professores criticam decisão 

O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) luta por um retorno das aulas presenciais desde 2020, enquanto o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro MG) pressiona o governo para que o retorno ocorra apenas com a vacinação dos profissionais do setor. Por motivos distintos, ambos discordam do início das aulas previsto para março. 

“Não queremos previsão, queremos uma data. A nossa posição é e sempre será: o serviço a que até hoje não foi dada importância e não teve oportunidade de abrir são as escolas. O comércio abriu por diversos momentos, mas escolas nunca tiveram a chance de retornar, nem com taxas (epidemiológicas) menores do que as de agora. Achamos que a prioridade nessa reabertura seriam as escolas, então, para mim (o anúncio de possível abertura em março), é uma decepção”, avalia Zuleica Reis Ávila, diretora do Sinep-MG. 

Já Valéria Morato, do Sinpro MG, questiona a previsão de aulas presenciais sem que haja imunização dos professores antes. “Gostaria, assim como o Kalil, que as aulas voltassem em fevereiro. Mas não é possível. Defendemos a aula presencial em todos os segmentos, mas, infelizmente, estamos em estado de guerra e nossa arma é o distanciamento social. Espero que o retorno seja possível em março, mas que seja com segurança. E a segurança é a vacina”, completa. 

Professores protestam contra o próprio sindicato

Na manhã desta sexta-feira, antes da coletiva em que o prefeito anunciou o possível retorno das aulas em março, um grupo de cerca de 20 professores protestou em frente à sede do Sinpro MG, no bairro Floresta, região Leste de BH. Os profissionais criticam ações do sindicato contra o retorno das aulas presenciais. Em 2020, decisões judiciais pela abertura de algumas unidades foram derrubadas após requisições sindicais. 

“O sindicato tem uma postura muito radical. Os pais estão buscando outros tipos de serviço para colocar os filhos ou até contratando professores para trabalhar em condomínios. O que vemos é o professor perder seus direitos trabalhistas e trabalhar na informalidade”, diz a professora Mariana Borchio, 38. Ela é uma das que participou do movimento que instalou outdoors pedindo priorização das escolas na abertura das atividades em BH

“Eu entendo o posicionamento dos professores quando falam sobre a necessidade de voltar a trabalhar por causa do dinheiro e da sobrevivência. Todo ato é legítimo. Mas essa luta (dos manifestantes) está errada. A luta precisa ser para que o governo garanta o auxílio emergencial, benefício emergencial para as escolas e a vacinação dos professores no grupo prioritário número um”, responde a presidente do Sinpro MG, Valéria Morato.

Esta matéria está em atualização.

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