Belo Horizonte e Belém, no Pará, aproximam-se do final de abril como as duas únicas capitais brasileiras que não desobrigaram o uso de máscara em locais fechados. O movimento pela liberação começou ainda no início de março, no Rio de Janeiro e, hoje, alcança 24 capitais e o Distrito Federal.
A Prefeitura de BH (PBH) já declarou que a liberação está condicionada ao aumento da cobertura vacinal da segunda dose em crianças, que hoje patina em 35%, muito aquém dos 99,8% da cobertura com a segunda dose da população maior de 12 anos. Na tentativa de ampliar a vacinação infantil, o governo municipal montou uma campanha de repescagem nos Parques das Mangabeiras e Guanabara nesta quinta-feira (21).
O infectologista Carlos Starling, que compunha o comitê de enfrentamento à pandemia do governo municipal, avalia que a incidência da Covid-19 na comunidade também deve ser considerada antes da desobrigação do item de segurança em locais fechados.
“É necessário que o percentual de crianças vacinadas com a segunda dose chegue a 75%, no mínimo. É fundamental que a incidência da doença esteja abaixo de 25 casos por 100 mil habitantes, do que ainda estamos longe”, diz. A prefeitura não fornece mais o número detalhado da incidência nos boletins epidemiológicos e, questionada pela reportagem, também não informou a taxa. No início do mês, ela passava de 500.
"A PBH, informa que, para a liberação de máscaras em ambientes fechados, tem observado a situação epidemiológica da cidade, avaliando a queda da incidência e a redução da letalidade. Além disso, o município tem reforçado a importância da vacinação completa da população, com a realização de ações de mobilização e repescagem", respondeu, por meio de nota.
"Esse dado de incidência faz falta no boletim. Fazemos um apelo para a prefeitura voltar a ter pelo menos a taxa de incidência por 100 mil habitantes (no boletim). Também temos que ampliar a vacinação nas outras faixas etárias, menos de 70% da população está com a terceira dose", pontua o infectologista Unaí Tupinambás, que também era membro do comitê da prefeitura.
Locais fechados e com aglomeração são, em geral, ambientes com maior risco de transmissão da Covid-19, já que limitam a circulação do ar. Por isso, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) orienta que todas as pessoas mantenham a máscara nesse tipo de ambiente, independentemente de normas locais.
O governo de Minas Gerais planeja flexibilizar o uso de máscara em locais fechados a partir do dia 1° de maio, porém cada município tem autonomia para decidir sobre o assunto. Nacionalmente, o Rio de Janeiro foi a primeira capital a abandonar a obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes fechados, no dia 7 de março. No Sudeste, São Paulo adotou a medida em 17 de março e Vitória, no dia 6 de abril.
Esta matéria foi atualizada às 15h45 para incluir a resposta da PBH.