Alerta

BH: Ocupação de UTI atinge 86% e conselho cobra abertura de hospital de campanha

Taxa bateu novo recorde, e se ritmo continuar assim, previsão é que sistema público de saúde da capital entre em colapso em até duas semanas

Por Gabriel Moraes
Publicado em 23 de junho de 2020 | 17:27
 
 
 
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Belo Horizonte bateu nesta terça-feira (23) mais um recorde de taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI): 86%. Devido a isso, o Conselho Municipal de Saúde (CMSBH) emitiu um comunicado pedindo que o governo do Estado abra imediatamente o hospital de campanha do Expominas, para evitar o colapso do sistema público de saúde, o que pode acontecer em até duas semanas.

A unidade está pronta desde o dia 15 de abril e conta com 768 leitos exclusivos para atender pacientes com suspeita ou confirmação de coronavírus, mas ainda não foi utilizada.

Entretanto, em entrevista coletiva nesta terça-feira, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse que ainda não é o momento para essa abertura. "Neste momento, em que identificamos aumento de casos, ainda temos capacidade de recrutar muitos leitos da rede instalada no Estado. Ou seja, em Belo Horizonte e na região Central, temos condição de recrutar vários leitos de UTI e de enfermaria, inclusive os 200 leitos planejados para a Rede Fhemig no Hospital Galba Velloso. Vamos continuar recrutando os leitos dentro da rede. Isso é importante porque esse recrutamento deixa um legado de melhoria da saúde no pós-pandemia", afirmou.

Mesmo com avanço da Covid-19, hospital de campanha não tem data para abrir

De acordo com a presidente do CMSBH, Carla Anunciatta, também é necessária uma fila única para os casos de Covid-19 que precisem de internação. "Se os leitos da rede pública e privada estiverem com 100% de ocupação, a fila deve ser única regulada pelo SUS, com critérios clínicos. Trata-se de uma medida de justiça social, para que os usuários do SUS não morram por falta de recursos", disse.

Além disso, o CMSBH defende que, caso a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) esteja com 100% de ocupação, os usuários que não têm plano devem ter direito a acessar leitos de hospitais privados sem nenhum custo.

Números

Segundo boletim epidemiológico divulgado nesta terça pela Secretaria Municipal de Saúde, BH dispõe de 972 leitos de UTI, sendo que 86% estão ocupados. Desses, há 282 exclusivos para pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19, dos quais 83% estão sendo utilizados - há pouco mais de um mês, em 20 de maio, essa taxa era de 32%. Das 690 unidades para demais doentes, 88% estão ocupadas.

Sobre os leitos de enfermaria, são 4.491 ao todo, sendo que 70% já estão ocupados. Das 726 unidades destinadas a pacientes da Covid-19, 68% não estão mais vagas.

Com relação a número de casos, a capital mineira já registou 4.667 infectados pelo novo coronavírus e 96 mortes em decorrência da doença.

Sobre esse pedido de abertura do hospital de campanha, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que o local foi estruturado como uma reserva técnica, ou seja, para evitar a saturação do sistema de saúde de Minas Gerais em razão da pandemia da Covid-19, e os leitos só serão ativados de acordo com a demanda, o que não aconteceu até o momento.

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