Belo Horizonte se prepara para ter três hospitais temporários para o atendimento de pacientes com sintomas de dengue, chikungunya e zika. Esses espaços devem ser instalados nas regionais do Barreiro, Centro-Sul e Venda Nova, em locais ainda não definidos, mas com a previsão de funcionamento em até duas semanas. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de saúde da capital, Danilo Borges Matias. Conforme o titular da pasta, as unidades temporárias serão viabilizadas a partir do decreto de emergência publicado neste sábado (17 de fevereiro), que permite ao município solicitar mais recursos para ações de enfrentamento às doenças junto ao governo de Minas e a União.
"A nossa intenção é de que estes espaços possam funcionar como pequenas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde. Ainda estamos discutindo os locais em que eles serão instalados, mas serão voltados exclusivamente a pacientes com sintomas de dengue, chikungunya ou zika. É uma estratégia que vamos viabilizar junto a Secretaria Estadual de Saúde", informou o secretário.
Conforme o titular da pasta, a medida é necessária diante do aumento do números de casos e da busca por atendimentos na rede municipal de saúde. Em janeiro de 2024, 28 mil pessoas com sintomas da doença foram atendidas nas nove Upas e nos 152 centros de saúde da cidade. Até o dia 16 de fevereiro, 35 mil pessoas já procuraram por assistência médica. Um aumento de 25% em apenas duas semanas.
"Hoje nós temos as equipes das unidades de saúde sobrecarregadas com a grande procura por atendimentos, e esses espaços serão para auxiliar. Importante destacar que as equipes das unidades de saúde também serão reforçadas", acrescentou. O secretário informou ainda que, a partir do decreto de emergência, a capital poderá contratar cerca de 600 profissionais. São médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, entre outros, que deverão ser distribuídos pelas unidades de saúde do município.
Alguns dos profissionais já contratados e que atuam na rede muncipal terão a carga horário de trabalho estendida. Também está prevista a ampliação do funcionamento das unidades de saúde, como o Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA) de Venda Nova, que ficará aberto até às 0h, a partir da próxima segunda-feira (19 de fevereiro).
"São medidas para garantir assistência médica para a população. Esse aumento do número de casos já estava previsto para o final de fevereiro e começo de março. A nossa expectativa é de que a partir da metade do próximo mês os números tenham uma queda", informou o secretário. Ainda de acordo com Danilo, o Plano de Enfrentamento às Arboviroses, lançado em janeiro, tem se mostrado eficiente. Ele argumenta que apesar do alto número de casos, a taxa de letalidade é pequena. "Neste ano, o índice é de 2,6%. Em 2023, quando o número de casos foi menor, o índice era de 12%", explicou.
Para o secretário, somado a ampliação da assistência à saúde, é necessário o reforço na fiscalização, a fim de conter focos do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, chikungunya e zika. Com o decreto de emergência publicado neste sábado (17) e válido por 180 dias, podendo ser prorrogado, fica autorizada a entrada das equipes de fiscalização em imóveis públicos e particulares sem autorização prévia das ações de combate aos focos do mosquito.
"O trabalho de fiscalização também será intensificado. Nos lugares que as equipes fiscalizam, geralmente conseguimos contato com os proprietários. Porém, ainda tem aqueles em que não conseguimos entrar para vistoriar, mesmo indo até os imóveis fora do horário comercial. Agora, com o decreto, vamos conseguir reforçar a fiscalização", pontuou.
Vacinação
Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (16 de fevereiro), o secretário de Saúde do estado, Fábio Baccheretti, informou que Minas Gerais deve iniciar a aplicação da vacina contra a dengue em março. As primeiras doses serão para imunizar crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, residentes nas cidades de maior incidência das arboviroses.
Em Belo Horizonte, conforme o secretário municipal de saúde, a expectativa é de que a imunização tenha início no mesmo período. No entanto, conforme o titular da pasta, é necessário que o município receba a quantidade de doses suficientes. A capital possui cerca de 123 mil adolescentes com idade entre 10 e 14 anos, o que demandaria cerca de 250 mil vacinas - considerando que a imunização é feita com duas doses.
"Só iremos definir as estratégias depois que soubermos a quantidade de doses que iremos receber. Se for a quantidade suficiente, vamos iniciar rapidamente. Agora, caso seja menor, vamos ter que definir alguns critérios de prioridades, e isso pode atrasar em até quatro dias", informou Danilo Borges.
Números de casos
A capital possui 3.718 casos de dengue e cinco mortes confirmadas pela doença. A cidade tem ainda 259 casos de chikungunya, e nenhum óbito. O município não registrou casos de zika.