Casos de intoxicação com produtos de limpeza crescem 23% no Brasil

A combinação de mais tempo com as crianças dentro casa e maior necessidade de higienização já refletiu em casos de intoxicação com produtos de limpeza. De janeiro a abril, o número de casos envolvendo essas substâncias cresceu 23% entre os adultos e 6% entre as crianças, em relação ao ano passado. Os dados foram levantados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em estatísticas dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox).

Em Minas Gerais, a base do CIATox fica no Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Segundo o coordenador, Adebal Andrade, a pandemia de coronavírus aumentou o uso de produtos como água sanitária e álcool em gel. “Como o uso aumentou, as pessoas estão estocando mais. Por isso é muito importante guardar bem esses produtos, principalmente com as crianças passando mais tempo em casa”, destaca.

Segundo o relatório da Anvisa, só nos quatro primeiros meses deste ano, os casos de intoxicação envolvendo os chamados saneantes domissanitários (usados na higienização e  desinfecção domiciliar)  chegaram a 1.540 nos adultos e 1.940 entre as crianças. Diante do crescimento, a Anvisa elaborou uma Norma Técnica alertando a população sobre os riscos dessas substâncias.

Ao contrário do que diz as crendices populares, em caso de ingestão de produtos como água sanitária e álcool em gel, não é recomendado dar leite nem oferecer alimentos. “No caso do álcool, a reação pode ser a embriaguez, que vai dar uma sonolência. Qualquer alimento pode induzir o vômito e, se a pessoa dormir, ela pode aspira, o que levaria para o pulmão”, explica Adebal.

O especialista lembra ainda que o contato com a pele também pode provocar reações alérgicas. “Em alguns casos, o álcool pode provocar dermatites, não apenas nas mãos, mas também em outras partes do corpo que nem tiveram contato direito”, afirma.

No caso da água sanitária, Adebal faz três alertas. O primeiro é em relação ao contato com a córnea. “Se a pessoa tiver lavando um alimento e respingar nos olhos, pode sofrer alguma lesão. O recomendado é lavar por 20 minutos seguidos, em água corrente. Não adianta só dar uma lavadinha”, explica.

O segundo alerta é em relação ao uso de produtos clandestinos. “A água sanitária vendida nos supermercados tem concentração de hipoclorito de sódio de 2%. Os clandestinos chegam a 10% ou 15%”, destaca. O terceiro alerta é sobre o uso do produto na lavagem de banheiros. “Quando o hipoclorito entra em contato com a água, libera um vapor tóxico. A inalação pode causar inchaço (garganta) e obstruir as vias aéreas. O ideal é manter janelas e porta abertas, e usar máscara”, aconselha.

De acordo com o presidente Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Abracit), Juscelino  Nery da Conceição Filho, é importante seguir as indicações de uso de cada produto. “É preciso seguir as recomendações constantes no rótulo ou feitas por profissional de saúde, pois esses produtos podem provocar intoxicações que vão de leve a grave, seja em contato com a pele, boca ou respiração”, destaca.

Em tempos de Covid-19, a  orientação do presidente da Abracit é priorizar a higienização das mãos com o uso de água e sabão e não passar água sanitária ou qualquer outro desinfetante no corpo.

Na maioria dos acidentes envolvendo produtos de limpeza, é possível resolver em casa. Para garantir segurança, o CIATox mantém atendimento por telefone por 24 horas, para dar orientação. O telefone do CIATox é 0800-722-6001 ou (31) 3224-4000 .

TODO CUIDADO É POUCO

Orientações de segurança

1- Mantenha os produtos de limpeza fora do alcance de crianças e animais. Esses produtos podem atrair a atenção principalmente de crianças pequenas, entre 1 e 5 anos de idade. 

2- Evite o armazenamento desses produtos em recipientes diferentes e não etiquetados.  

3- Não deixe detergentes e produtos de limpeza em geral embaixo da pia ou no chão dos banheiros. 

4- Leia e siga as instruções descritas no rótulo de cada produto. 

5- Evite a mistura de produtos químicos. 

6- Garanta a ventilação quando for manusear um desses produtos destinados à limpeza, higienização e desinfecção. 

7- Jogue fora as embalagens vazias, pois elas sempre ficam com resíduos. 

8- Em caso de emergências toxicológicas, não provoque vômito.     

Telefone:

Tenha em mãos o número do Centro de Informação e Assistência Toxicológica, o CIATox: 0800-722-6001 ou Dica(31) 3224-4000