O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) vai disponibilizar uma bolsa para a contratação de pacotes de internet para que estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica possam acompanhar as aulas na modalidade remota, a partir de 3 de agosto. A instituição também vai fornecer computadores aos alunos que precisarem.
A dificuldade de acesso é uma das principais preocupações dos discentes em relação ao retorno remoto das atividades, adotado devido à impossibilidade de encontros presenciais por causa da pandemia do coronavírus.
De acordo com o diretor geral do Cefet-MG, Flávio Santos, a bolsa terá o valor de R$ 80 a R$ 100, a depender da quantidade de alunos a ser atendida. O auxílio será oferecido com recursos próprios da instituição, enquanto o Ministério da Educação (MEC) não implantar um programa nesse sentido.
"A bolsa deve ser implementada já na próxima semana, a ideia é que façamos o pagamento agora no primeiro ou segundo dia útil de agosto. Estamos definindo um valor que seja compatível com o pagamento de um plano de dados que permita a conexão entre professores e alunos e vamos partir de um conjunto de aproximadamente 2.000 alunos que já estão cadastrados nos nossos programas de assistência estudantil. Gradativamente, isso vai ser descentralizado, cada campus está iniciando um levantamento para que ampliemos esse número de alunos atendidos", explica Santos.
Segundo ele, esta é uma bolsa complementar — os cadastrados em programas de assistência estudantil já recebem outros recursos. "O Cefet está preparado, até porque, neste ano de pandemia, a execução orçamentária é um pouco mais baixa. Conseguimos reduzir custos em várias frentes, e isso vai nos permitir fazer esse financiamento para atender os alunos mais vulneráveis", completa.
O Cefet-MG aprovou a implementação de ensino remoto emergencial para os cursos de nível médio, graduação e pós-graduação no início deste mês, sendo que alunos que não puderem ou não quiserem aderir à modalidade podem trancar a matrícula, parcial ou totalmente. A decisão da instituição, que tem 17 mil estudantes de 11 campi, foi alvo de protestos por parte de discentes, que se preocupam com aqueles que não têm condições e estrutura em casa para acompanhar as aulas remotamente e com prejuízos para a qualidade do ensino.
Segundo Santos, para os estudantes que não possuem computador em casa, o Cefet-MG está avaliando duas opções. A primeira é a possibilidade de emprestar máquinas dos laboratórios da própria instituição aos alunos durante o período de ensino remoto. "A segunda é que vamos fazer uma busca ativa dos alunos que estiverem com dificuldade de conexão, curso por curso, turma por turma, para tentarmos viabilizar o programa para a aquisição de um computador com configuração mínima, de custo compatível com essa demanda, para implementarmos", explica Santos, prevendo uma estimativa de custo de cerca de R$ 1.500 por computador.
"Pretendemos equacionar isso gradativamente, de modo que, muito embora estejamos permitindo que os alunos façam o trancamento de disciplina do curso, vamos fazer todo o esforço para que isso não ocorra por insuficiência de equipamentos", diz.
O diretor ressalta que a expectativa inicial era de que o ensino remoto não fosse necessário, mas, com o avanço da epidemia, a modalidade acabou se tornando a única alternativa possível. Segundo ele, o Cefet-MG fez um levantamento com todos os professores, e mais de 90% deles se mostraram favoráveis à adoção do regime.
Na próxima semana, a instituição vai iniciar um processo de capacitação dos docentes, que vai envolver a compreensão do que é o ensino remoto, como fazer a transição da modalidade presencial para a remota e o treinamento para uso de plataformas de mediação digital.
Em relação às queixas e preocupações dos alunos, que reclamaram também de falta de diálogo, Santos diz que a resistência não é unânime e parte, principalmente, de estudantes do ensino médio. Embora reconheça a dificuldade de manter a qualidade do ensino presencial na modalidade remota, o diretor diz que todas as medidas estão sendo adotadas com esse objetivo.
"Dado que estamos em uma situação de excepcionalidade e que temos que mitigar e reduzir os problemas para garantir uma certa qualidade, estamos adotando as providências. Uma delas é reorganizar os conteúdos, outra é limitar a possibilidade do aluno em número de créditos, ele nao vai poder fazer a mesma quantidade de disciplinas que fazia na forma presencial. Outra é colocar um esforço muito maior no planejamento das aulas. Essa forma de oferta do ensino remoto está sendo tratada com muito cuidado e esmero para que a gente não sobrecarregue o aluno", pontua.
De acordo com Santos, na prática, diferentes estratégias serão adotadas para o ensino remoto, como aulas ao vivo e online e produção de conteúdos e materiais de apoio pedagógico para que o aluno possa acessar no momento que preferir. Já as aulas práticas serão retomadas após o retorno das atividades presenciais, ainda sem previsão de ocorrer.
As aulas na modalidade remota serão retomadas no dia 3 de agosto, e o ano letivo será encerrado em 24 de abril de 2021. Com isso, o ingresso de novos estudantes deve ocorrer em maio do próximo ano. "O processo seletivo deve se dar em fevereiro ou março, provavelmente. Feito o ingresso dos alunos, teremos os anos subsequentes para corrigir essa defasagem no tempo", explica Santos.