O que é melhor do que uma boa e velha roda de samba para homenagear o Dia Nacional do Samba? Foi o que pensaram artistas e integrantes da Velha Guarda do Samba de BH para celebrar a data, comemorada em 2 de dezembro, no Centro Cultural UFMG, no hipercentro da capital. O evento brindou não só a data em âmbito nacional, mas também o samba mineiro.
Pandeiros, cuícas, bumbos e cavaquinhos deram o tom do ritmo que agitou o público no local. Canções tradicionais do samba brasileiro foram executadas na roda. Um resgate às raízes e tradições do Brasil.
Realizado pela primeira vez em BH, o evento foi idealizado pelo músico, pesquisador, radialista e atual presidente da Associação da Velha Guarda da Faculdade do Samba de BH, Carlinhos Visual. Ele define o samba como uma religião. "Uma música muito rica. Uma resistência. Eu falo para os meus amigos que o samba é o arroz e o feijão de queneu preciso para sobreviver", se declara.
Estudioso do samba, Carlinhos lembra que o ritmo, um dos mais tradicionais do Brasil, teve origem com os negros escravizados no país. "O único meio de os escravos se comunicarem um com o outro sem o patrão saber era cantando samba. Eles contavam histórias pros carrascos não ficarem sabendo, o que eles estavam conversando. Então eles mandavam a música", explica.
Carlinhos lamenta que, no imaginário brasileiro, o samba exista apenas em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Ele contesta esse pensamento lembrando de grandes nomes mineiros que se destacam no samba nacional. "Ari Barroso, Clara Nunes, que defendeu nosso samba no Rio de Janeiro, Wando, que defendeu muito a música mineira. Nossa cultura é muito rica. Pena que o pessoal não vê. O samba mineiro tem história", defende.
Apesar de Carlinhos apontar que o samba é um ritmo que representa o Brasil, ele ainda enxerga preconceitos contra o estilo musical. "Não sei se é pela cor. Pela letra não é, pois a letra é riquíssima", pontua o pesquisador, que conclui dizendo que o samba é muito mais que a voz e que os instrumentos.
"O samba conta a história de um país, de um povo, de um gueto. O samba não é só cantar", argumenta.
Público curte
A roda de samba atraiu fãs de um dos ritmos mais queridos e tradicionais do Brasil, como a servidora pública Andreia Brandão, de 58 anos. Além de matar a saudade dos tempos em que ouvia samba na companhia do pai, a mulher se sente representada pelo ritmos. "Faz parte da nossa identidade, da identidade nacional. Através do samba, nos reconhecemos, temos a trilha sonora da nossa vida", elogia a bibliotecária.
Quem também vê a identidade brasileira no samba é a jornalista Soraya Fideles, de 60 anos. O samba, para ela, representa a alegria, sentimento que, para ela, estava presente na roda de samba no Centro Cultural UFMG. "Samba de primeira, com a Velha Guarda, os convidados, o público na mesma energia, na mesma alegria. Viva o samba nacional, mas também o samba mineiro", deseja.