Sem previsão

Clubes em BH acumulam dívidas e incertezas sobre quando reabrir

Ainda sem data, reabertura terá piscinas com distanciamento, saunas fechadas e termo de responsabilidade

Por Rafael Rocha
Publicado em 14 de setembro de 2020 | 20:20
 
 
 
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Quem estiver pensando em dar aquele mergulho, aproveitando esse calorzão que vem fazendo em Belo Horizonte, vai dar com os burros n’água. Ao menos para os sócios de clubes da cidade. Após seis meses de piscinas e saunas fechadas, os clubes de lazer não têm previsão de quando o próximo pulo na piscina vai acontecer. Enquanto isso, a única movimentação por lá é de contas a pagar, inadimplência e debandada de sócios. Acionar a Justiça pode ser o último respiro para essas instituições.

“Estamos à beira da falência”, reclama Marcolino de Oliveira, presidente da Federação dos Clubes do Estado de Minas Gerais (Fecemg). Alguns estabelecimentos alegam inadimplência de até 25%, sem contar as receitas com aluguel de salão de festas e outros espaços, que sempre engrossaram o faturamento dos clubes e agora não aparecem mais.

Teremos piscinas?

Um protocolo de funcionamento para clubes de lazer já encontra-se disponível no site da prefeitura. O documento informa que saunas não poderão funcionar quando a prefeitura autorizar a reabertura dos clubes - o que ainda não há previsão. O uso da piscina deverá acatar o distanciamento de dois metros entre as pessoas. Aulas coletivas deverão ser praticadas em locais arejados. Todo frequentador deverá assinar um termo de responsabilidade ao entrar no estabelecimento, se comprometendo a seguir as normas sanitárias. 

Mesmo com as regras pré-definidas, não há nenhum sinal oficial de flexibilização. A entidade que representa os clubes afirma que teve reunião com a prefeitura há algumas semanas e aguarda resposta. A reportagem consultou a assessoria de comunicação da prefeitura no fim desta tarde e também aguarda resposta.

Enquanto a autorização formal não chega, os clubes afirmam já terem comprado tapetes sanitizantes, dispensadores de álcool em gel, máscaras e protetores faciais. “Esperamos a reabertura para os próximos dias. Os clubes estão preparados para isso”, afirma Oliveira. Segundo ele, a Fecemg não descarta nem mesmo tomar alguma medida judicial.

No Mackenzie, clube situado no bairro Santo Antônio, a ansiedade da espera segue na mesma intensidade da cautela. O clube, que chega a receber até 400 pessoas num dia ensolarado, também está com as contas em sinal de alerta, segundo explica o presidente Lucio Aparecido, e a situação deve ficar ainda pior. Após vencida a suspensão por contrato de trabalho garantida pelo governo federal, os funcionários retornaram hoje ao trabalho. “A inadimplência está em 25% e agora nossos custos vão voltar ao patamar de antes”, prevê Aparecido. “Se os bares reabriram, acho que os clubes também poderiam, mas eu não sou médico”, reflete.

A indignação do presidente da Fecemg é mais enfática. “A gente está sem entender porque os clubes ainda não reabriram”, diz. Clubes de cidades vizinhas a capital poderem funcionar, em contraponto aos de Belo Horizonte, é algo incompreensível para ele. “Isso vem afetando a saúde física e mental dos associados”, avalia. Segundo a entidade, cerca de 500 mil pessoas da capital são sócias de algum clube.

Impacto financeiro menor vem sentindo o Minas Tênis, um dos mais tradicionais clubes do estado. Consultada, a entidade confirmou a perda de receita, pois concedeu 25% de desconto nas taxas condominiais dos associados. A inadimplência, no entanto, é de apenas 2%.

Prefeitura

A prefeitura de Belo Horizonte encaminhou esclarecimentos à reportagem. O Executivo informa que está em constante diálogo com os representantes dos clubes de lazer, e busca a construção de alternativas para minimizar os impactos da pandemia e para uma eventual retomada. A prefeitura comunicou também que o avanço em novas reaberturas de estabelecimentos precisa aguardar avaliação dos indicadores epidemiológicos das primeiras flexibilizações - em especial de bares e restaurantes.

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