Consolidada em metrópoles do exterior como Londres, Berlim e Amsterdã, a “squatting” – forma de ativismo popular que reúne coletivos artísticos locais espontaneamente e propõe a ocupação artística e estética de áreas pertencentes ao poder público até então abandonadas – ganha novos adeptos em Belo Horizonte. Após o fenômeno se cristalizar na capital por meio de iniciativas como o Espaço Comum Luiz Estrela, na região Leste, e o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas (Muquifu), na região Centro-Sul, o mais recente objeto de desejo de três organizações de artistas é um imóvel da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) na avenida Álvaro da Silveira, 790, no bairro Santa Margarida, no Barreiro.

Veja o vídeo:

Os coletivos Batalha da Pista, Cabeça Ativa e Coletivoz pretendem ocupar a metade do imóvel, que tem total de 180 m². A outra metade é usada pela Associação Comunitária Santa Margarida (ACSM), conforme permissão da prefeitura há cerca de cinco anos. A intenção é dar nova função social à metade do espaço que nunca foi utilizada e criar a Casa de Cultura Coletivoz, para transformar o ambiente em um local que hospede variadas expressões estéticas e artísticas.

De acordo com o poeta e articulador do Coletivoz, Eduardo DW, o espaço pretendido poderia servir à população da região. “Nosso projeto quer levar àquele local poesia, artesanato, artes plásticas, cultura negra e toda a abrangência que a cultura popular pode oferecer. Protocolaremos amanhã na prefeitura documento solicitando a cessão do espaço, que pode ser uma referência cultural na região, para pessoas de todas as idades”, destaca DW.

Outro articulador do Coletivoz, Rogério Coelho afirma que a tentativa de revitalizar o espaço pode ser uma oportunidade para artistas da região metropolitana. “Se conseguirmos a cessão do espaço, nossa intenção é usar o espaço a partir do revezamento entre vários grupos artísticos, das artes plásticas, do teatro, do cinema e da poesia”.

crítica. Presidente da ACSM, Alvimar Braga Ribeiro afirma que a regional não procurou moradores do bairro para saber as demandas da população para o local. “A comunidade deveria ser consultada sobre o que deve ser feito com o espaço. Se o Coletivoz assumir o espaço, irá agregar valor aos trabalhos que desenvolvemos. Faríamos ali uma guarda compartilhada, e o coletivo poderia realizar oficinas artísticas para atender as demandas de nossa comunidade”, disse.

Outro que se mostra entusiasmado com a possibilidade é o poeta e engenheiro Marcos Assis. “É demanda antiga da cidade criar mais espaços populares para saraus poéticos e coisas do gênero, iniciativas que cresceram na região metropolitana há cerca de três anos”.

A iniciativa impulsionaria projetos culturais, de acordo com ele.