A Prefeitura de Belo Horizonte prevê que as unidades de saúde fiquem cheias nas próximas semanas diante do aumento de casos de dengue e chikungunya. A previsão é de uma escalada no número de pessoas doentes até o mês de março. A situação só deverá ser normalizada em maio. A informação foi repassada pelo secretário de saúde municipal, Danilo Borges, durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (31 de janeiro). No entanto, de acordo com o titular da pasta, todos os pacientes serão atendidos.
"Estamos no estágio pré-epidêmico. Nas próximas semanas vamos entrar nesta outra fase, provavelmente entre o final de fevereiro e o início de março", apontou o secretário de saúde. Conforme Danilo, mesmo diante da possibilidade de um maior número de pessoas doentes, as unidades de saúde estarão preparadas para atender as demandas. "Não faltará atendimento à população, mas nossas unidades de saúde estarão cheias", garantiu.
Conforme a Prefeitura de Belo Horizonte, neste mês, considerando os centros de saúde e UPAs, foram cerca de 19 mil atendimentos a casos suspeitos de dengue e outras arboviroses, sendo 665 já confirmados. Em dezembro de 2023, por exemplo, foram aproximadamente 3.000 atendimentos a casos suspeitos, o que aponta um aumento de 533%. Comparado ao mês de janeiro de 2023, que teve 2.200 atendimentos, o aumento foi de 763%.
De acordo com o estudo, o vírus causador de dengue tipo Den1 é o responsável pelo maior número de casos. Porém, conforme antecipado por O TEMPO, o vírus Den2 é motivo de alerta para as autoridades de saúde do município. "A última vez que tivemos a notícia do Den2 em Belo Horizonte foi há 20 anos, isso gera uma preocupação maior, pois a população fica mais fragilizada, imunologicamente mais suscetível a esse sorotipo", explicou o secretário.
Ainda de acordo com Danilo, as autoridades de saúde estão prestes a formalizar, cientificamente, o estágio de epidemia na capital. "Isso deverá ocorrer, mas por outros critérios, ainda não há necessidade de decretar situação de emergência", afirmou. Segundo ele, o cenário epidêmico ocorre quando há 300 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, o registro é de 211 casos. O secretário justifica que não irá decretar emergência pois o município possui recursos para custear as ações de enfrentamento às doenças e ainda consegue garantir atendimento de saúde à população.
A Prefeitura de Belo Horizonte garante que possui um plano de ações para enfrentar o aumento das arboviroses. "Teremos reforço no atendimento das UPAs com mais de 600 profissionais, o funcionamento das unidades básicas de saúde aos finais de semana, a abertura de dois centros de atendimento à dengue, sendo nas regiões Centro-Sul e Venda Nova, além de uma unidade de reidratação em Venda Nova", apresentou o subsecretário de Assistência à Saúde, o médico André Menezes.
O subsecretário também garantiu que haverá a ampliação dos plantões, a oferta de maior número de exames e o reforço do número de profissionais de saúde em atuação por meio de uma parceria com o Exército, caso necessário.
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Para as ações, o executivo disponibilizou R$ 16,5 milhões. Também foram solicitados recursos ao Governo Estadual e Federal para viabilizar as ações. Entre os trabalhos, estão previstas as vistorias de imóveis, o monitoramento de ovitrampas (armadilhas constituídas de um vaso de planta preto, no qual é adicionada água, uma palheta de madeira e substância atrativa para o mosquito), soltura de mosquitos com Wolbachia, além de mutirões de limpeza e sobrevoos de drones, com auxílio de inteligência artificial.
"Aumentaremos o efeito da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para fazer a limpeza dos locais irregulares da cidade, mas pedimos à população que ajude a prefeitura. Temos 34 pontos de coleta de pequenos resíduos onde as pessoas podem deixar colchão, móveis e outros sem custo", disse o superintendente Edson Fonseca Junior. Em 2023 foram realizadas mais de 5 milhões de vistorias. Já em 2024, 176 mil imóveis já foram visitados pelas equipes. Conforme levantamento da pasta, as regionais Barreiro, Norte e Venda Nova são as que estão em situação mais crítica, com maior escalada de casos.
Ainda segundo a prefeitura, mutirões de limpeza são realizados pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) durante todo o ano e, em 2023, foram realizadas 257 ações, com mais de 346 toneladas de materiais recolhidos em cerca de 88 mil imóveis. Em 2024 foram 14 mutirões, com o recolhimento de mais de 17 toneladas de resíduos, em cerca de 3.200 imóveis.
A partir desta quinta-feira (1º) começa a funcionar um Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA) na UPA Centro Sul. O espaço será voltado exclusivamente para o cuidado de pessoas sintomáticas. A unidade está localizada na rua Domingos Vieira, 688. O atendimento será entre 7h e 19h.
No sábado (3), será aberto uma unidade do CAA em Venda Nova e uma Unidade de Reposição Volêmica (URV) na região Centro-Sul, destinada à hidratação dos pacientes, com funcionamento durante 24 horas por dia. A URV vai receber exclusivamente os usuários encaminhados de outras unidades de saúde.
A Prefeitura de BH inicia, em fevereiro, a realização de exames PCR para essas doenças no Laboratório Municipal de Biologia Molecular. Com isso, as amostras colhidas em todos os 152 centros de saúde e UPAs da capital e encaminhadas para processamento na Fundação Ezequiel Dias (FUNED) serão analisadas em unidade própria da prefeitura.
A iniciativa busca agilizar os resultados e, com isso, oferecer melhor condução clínica dos casos.
A partir da próxima semana, a Guarda Municipal promete intensificar os sobrevoos com drones. Foram realizados mais de 104 sobrevoos no ano passado. Em 2024 foram 12 sobrevoos, até o momento.
A Prefeitura de Belo Horizonte garante que a Procuradoria-Geral do Município (PGM) seguirá acionando judicialmente os proprietários de imóveis que descumprirem a determinação para colocar fim a focos de dengue.
Para contribuir com as ações, a população pode denunciar as situações nos canais oficiais, sendo o Portal de Serviços, PBH APP e 156.
Assistência Médica
• Abertura de centros de saúde aos finais de semana;
• Reforço nas equipes de atendimento;
• Abertura de Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA) e Unidade de Reposição Volêmica (URV);
• Teleatendimentos;
• Articulação com 24 hospitais da rede SUS para disponibilização de leitos hospitalares;
• Ampliação de oferta e realização de exames diagnósticos para dengue, utilizando o Laboratório Municipal de Biologia Molecular.
Prevenção
• Aplicação de inseticida a Ultrabaixo Volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em áreas com casos suspeitos de transmissão local;
• Vistorias em imóveis;
• Monitoramento de ovitrampas, que são armadilhas instaladas em pontos estratégicos para acompanhar a circulação do Aedes aegypti;
• Intensificação da fiscalização em áreas de lotes vagos e deposição clandestina de lixo;
• Soltura de mosquitos com a bactéria Wolbachia em todas as regionais;
• Intensificação dos mutirões de limpeza;
• Campanha nas escolas da rede municipal;
• Campanha publicitária com informações sobre as doenças e forma de prevenção.