Saúde Pública

Com aumento dos casos de dengue, BH deve ter centros de saúde lotados até março

Secretário de saúde afirmou que as unidades devem ficar cheias, mas que terá condições de garantir atendimento para a população

Por Raquel Penaforte e Rayllan Oliveira
Publicado em 31 de janeiro de 2024 | 11:20
 
 
 
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A Prefeitura de Belo Horizonte prevê que as unidades de saúde fiquem cheias nas próximas semanas diante do aumento de casos de dengue e chikungunya. A previsão é de uma escalada no número de pessoas doentes até o mês de março. A situação só deverá ser normalizada em maio. A informação foi repassada pelo secretário de saúde municipal, Danilo Borges, durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (31 de janeiro). No entanto, de acordo com o titular da pasta, todos os pacientes serão atendidos.

"Estamos no estágio pré-epidêmico. Nas próximas semanas vamos entrar nesta outra fase, provavelmente entre o final de fevereiro e o início de março", apontou o secretário de saúde. Conforme Danilo, mesmo diante da possibilidade de um maior número de pessoas doentes, as unidades de saúde estarão preparadas para atender as demandas. "Não faltará atendimento à população, mas nossas unidades de saúde estarão cheias", garantiu.

Conforme a Prefeitura de Belo Horizonte, neste mês, considerando os centros de saúde e UPAs, foram cerca de 19 mil atendimentos a casos suspeitos de dengue e outras arboviroses, sendo 665 já confirmados. Em dezembro de 2023, por exemplo, foram aproximadamente 3.000 atendimentos a casos suspeitos, o que aponta um aumento de 533%. Comparado ao mês de janeiro de 2023, que teve 2.200 atendimentos, o aumento foi de 763%.

De acordo com o estudo, o vírus causador de dengue tipo Den1 é o responsável pelo maior número de casos. Porém, conforme antecipado por O TEMPO, o vírus Den2 é motivo de alerta para as autoridades de saúde do município. "A última vez que tivemos a notícia do Den2 em Belo Horizonte foi há 20 anos, isso gera uma preocupação maior, pois a população fica mais fragilizada, imunologicamente mais suscetível a esse sorotipo", explicou o secretário.

Ainda de acordo com Danilo, as autoridades de saúde estão prestes a formalizar, cientificamente, o estágio de epidemia na capital. "Isso deverá ocorrer, mas por outros critérios, ainda não há necessidade de decretar situação de emergência", afirmou. Segundo ele, o cenário epidêmico ocorre quando há 300 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, o registro é de 211 casos. O secretário justifica que não irá decretar emergência pois o município possui recursos para custear as ações de enfrentamento às doenças e ainda consegue garantir atendimento de saúde à população.

A Prefeitura de Belo Horizonte garante que possui um plano de ações para enfrentar o aumento das arboviroses. "Teremos reforço no atendimento das UPAs com mais de 600 profissionais, o funcionamento das unidades básicas de saúde aos finais de semana, a abertura de dois centros de atendimento à dengue, sendo nas regiões Centro-Sul e Venda Nova, além de uma unidade de reidratação em Venda Nova", apresentou o subsecretário de Assistência à Saúde, o médico André Menezes.

O subsecretário também garantiu que haverá a ampliação dos plantões, a oferta de maior número de exames e o reforço do número de profissionais de saúde em atuação por meio de uma parceria com o Exército, caso necessário.

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Para as ações, o executivo disponibilizou R$ 16,5 milhões. Também foram solicitados recursos ao Governo Estadual e Federal para viabilizar as ações. Entre os trabalhos, estão previstas as vistorias de imóveis, o monitoramento de ovitrampas (armadilhas constituídas de um vaso de planta preto, no qual é adicionada água, uma palheta de madeira e substância atrativa para o mosquito), soltura de mosquitos com Wolbachia, além de mutirões de limpeza e sobrevoos de drones, com auxílio de inteligência artificial.

"Aumentaremos o efeito da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para fazer a limpeza dos locais irregulares da cidade, mas pedimos à população que ajude a prefeitura. Temos 34 pontos de coleta de pequenos resíduos onde as pessoas podem deixar colchão, móveis e outros sem custo", disse o superintendente Edson Fonseca Junior. Em 2023 foram realizadas mais de 5 milhões de vistorias. Já em 2024, 176 mil imóveis já foram visitados pelas equipes. Conforme levantamento da pasta, as regionais Barreiro, Norte e Venda Nova são as que estão em situação mais crítica, com maior escalada de casos. 

Ainda segundo a prefeitura, mutirões de limpeza são realizados pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) durante todo o ano e, em 2023, foram realizadas 257 ações, com mais de 346 toneladas de materiais recolhidos em cerca de 88 mil imóveis. Em 2024 foram 14 mutirões, com o recolhimento de mais de 17 toneladas de resíduos, em cerca de 3.200 imóveis.

  • Quando as novas unidades de saúde irão começar a funcionar?

A partir desta quinta-feira (1º) começa a funcionar um Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA) na UPA Centro Sul. O espaço será voltado exclusivamente para o cuidado de pessoas sintomáticas. A unidade está localizada na rua Domingos Vieira, 688. O atendimento será entre 7h e 19h.

No sábado (3), será aberto uma unidade do CAA em Venda Nova e uma Unidade de Reposição Volêmica (URV) na região Centro-Sul, destinada à hidratação dos pacientes, com funcionamento durante 24 horas por dia. A URV vai receber exclusivamente os usuários encaminhados de outras unidades de saúde.

  • Terá reforço na oferta de exames?

A Prefeitura de BH inicia, em fevereiro, a realização de exames PCR para essas doenças no Laboratório Municipal de Biologia Molecular. Com isso, as amostras colhidas em todos os 152 centros de saúde e UPAs da capital e encaminhadas para processamento na Fundação Ezequiel Dias (FUNED) serão analisadas em unidade própria da prefeitura.

A iniciativa busca agilizar os resultados e, com isso, oferecer melhor condução clínica dos casos. 

  • Como será a fiscalização dos imóveis?

A partir da próxima semana, a Guarda Municipal promete intensificar os sobrevoos com drones. Foram realizados mais de 104 sobrevoos no ano passado. Em 2024 foram 12 sobrevoos, até o momento.

A Prefeitura de Belo Horizonte garante que a Procuradoria-Geral do Município (PGM) seguirá acionando judicialmente os proprietários de imóveis que descumprirem a determinação para colocar fim a focos de dengue. 

Para contribuir com as ações, a população pode denunciar as situações nos canais oficiais, sendo o Portal de Serviços, PBH APP e 156. 

Plano de Enfrentamento às Arboviroses: 

Assistência Médica 

•    Abertura de centros de saúde aos finais de semana;
•    Reforço nas equipes de atendimento;
•    Abertura de Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA) e Unidade de Reposição Volêmica (URV);
•    Teleatendimentos;
•    Articulação com 24 hospitais da rede SUS para disponibilização de leitos hospitalares;
•    Ampliação de oferta e realização de exames diagnósticos para dengue, utilizando o Laboratório Municipal de Biologia Molecular. 

Prevenção 

•    Aplicação de inseticida a Ultrabaixo Volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em áreas com casos suspeitos de transmissão local; 
•    Vistorias em imóveis; 
•    Monitoramento de ovitrampas, que são armadilhas instaladas em pontos estratégicos para acompanhar a circulação do Aedes aegypti;
•    Intensificação da fiscalização em áreas de lotes vagos e deposição clandestina de lixo;
•    Soltura de mosquitos com a bactéria Wolbachia em todas as regionais;
•    Intensificação dos mutirões de limpeza;
•    Campanha nas escolas da rede municipal;
•    Campanha publicitária com informações sobre as doenças e forma de prevenção.

 


 

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