Cancelamento de voos, fechamento de fronteiras e muitas dificuldades devido à pandemia do coronavírus. Essa é a situação de milhares de brasileiros no exterior que tentam retornar para o país. Na quinta-feira (19), o Ministério do Turismo anunciou que 1.708 pessoas retidas em Portugal, Marrocos e Peru devem ser repatriadas para o Brasil até o próximo domingo (22).

De acordo com a pasta, a ação, que também conta com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, será realizada em parceria com duas companhias aéreas. Os turistas estão com problemas devido às medidas de restrição de circulação de pessoas nos locais afetados pelo coronavírus.

É o caso da analista de marketing Isabella Lucas, e da namorada Sid Viana. Após meses de planejamento das sonhadas férias na Europa, o casal embarcou para Lisboa no início do mês. “Os primeiros dias foram tranquilos. Saímos de Portugal e fomos para Barcelona. No segundo dia lá, iniciaram as medidas de restrição. O plano era seguir para Viena, que ainda não estava em quarentena, e chegando lá as ruas já estavam desertas”, conta.

A mineira seguiria para Budapeste, porém a Europa já ameaçava fechar o espaço aéreo e bloquear diversas fronteiras. “Decidimos ir para Lisboa, que tem voos diários para o Brasil. Inicialmente voltaríamos por Madrid, mas não tem como chegar lá porque a cidade está sitiada. Compramos outro, que sairia amanhã e também foi desmarcado”, disse.

Assim como Isabella e Sid, pelo menos 850 pessoas estão retidas no país. “A embaixada do Brasil formou um comitê de crise para buscar uma solução. Estamos em hotel, que tivemos que pagar por nossa conta, apesar de não estar nos planos. No nosso caso, contamos com reembolso do Airbnb das cidades que iríamos para cobrir o rombo”, afirma. Agora, a expectativa é retornar com o voo prometido pelo governo brasileiro.

Sufoco em outros países

Já o destino do digital influencer Ricardo Bueno ainda é incerto no Equador. Pelo menos outros 100 brasileiros vivem a mesma situação no país da América do Sul. “Aqui está igual a Itália, com as ruas desertas. O governo declarou estado de exceção, então está perigoso sair na rua sozinho. Fora isso, só pode circular para ir ao supermercado ou farmácia. Está bem complicado”, comenta. No mesmo hotel do mineiro, outras dez pessoas aguardam uma solução para retornar.

Bueno deixou as ilhas Galápagos no dia 16 de março, em um voo que teria escalas nas cidades de Quito e Lima, no Peru. “Quando chegou em Quito, a conexão internacional estava barrada. Tivemos que desembarcar e fazer check-in novamente e, para nossa surpresa, nos proibiram de ir pra LIma. O voo saiu quase vazio, mas nosso grupo não conseguiu entrar”, afirma. 
Sem respostas da companhia área, que fechou todas as centrais de atendimento no país, Ricardo Bueno disse que o voo, remarcado para o dia 6 de abril, foi cancelado ontem. “Estamos aqui por nossa conta, tudo cobrado em dólar.. Não conseguimos nenhuma ajuda financeira e os seguros de viagem não cobriram nada até agora”, finaliza.

Até agora, o governo brasileiro confirmou o retorno de 622 brasileiros no Peru, outros 203 no Marrocos e 883 em Portugal. Nos demais países, ainda não há previsões de repatriação devido à pandemia do coronavírus.

LEGENDA DA FOTO 2 (SUGESTÃO):
Ricardo Bueno e outros dez brasileiros seguem em hotel na cidade de Quito, no Equador, e não sabem quando retornarão