Após o governo federal anunciar o fim das operações no Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, e destinar o espaço à prefeitura, Fuad Noman (PSD) anunciou vários planos para ocupar a área onde hoje é o aeródromo. Moradias populares, grande parque e área de lazer estão entre as propostas. Elas, entretanto, estão longe de serem novidade. Há pelo menos 40 anos projetos parecidos são debatidos pelo poder público.   

 Em 1982, a imprensa noticiou um encontro entre o ministro da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Délio Jardim de Matos e o prefeito Júlio Laender, o candidato ao governo do Estado, Eliseu Resende, do ex-prefeito Maurício Campos e de outras autoridades. O motivo seria a assinatura de um convênio pelo Ministério da Aeronáutica para ceder a área do aeroporto à PBH para uma grande transformação em espaço de lazer.  

Naquela época, o prefeito da capital estudava abrir um concurso público, para elaboração do projeto definitivo de transformação do aeroporto. A ideia era implantar um complexo de recreação e lazer para a população da capital com piscinas, lago artificial, dez quadras poliesportivas, dois campos gramados para futebol, coreto, repuxos, viveiros, um mini zoológico. Fazia parte dos planos a criação da “Cidade das Crianças”, área equipada com brinquedos infantis, trenzinho, submarino, circuito para corredores e bicicletas, arborização e jardinagem, estacionamentos, vestiários, bares, cinema e teatro, restaurante, berçário e creche, planetário, "stand" de tiro, anfiteatro. Compunha o projeto também uma infraestrutura de abastecimento d'água, redes de esgotos sanitários e drenagem pluvial. 

 A justificativa da prefeitura e também do governo estadual era de elevar os padrões de qualidade de vida da população da região Oeste da cidade, que crescia em grande velocidade e que os bairros não tinham áreas verdes. 

Sambódromo 

Também no ano de 1982 foi pensada a possibilidade de transformar o aeroporto em um sambódromo. O anteprojeto de aproveitamento da área previa uma ampla avenida de 20 metros de largura, com 1 quilômetro de extensão, que seria aproveitada como passarela para desfiles carnavalescos. O local teria, também, uma praça centralizada para as festas, feiras e espetáculos. 

 Os hangares, com pequenas modificações, seriam transformados em ginásios cobertos.  Outros seriam destinados às atividades culturais e à educação e centros de recreação infantis, incluindo a guarda, alimentação e cuidados médicos às crianças menores. 

Essa mesma ideia foi apresentada recentemente à PBH pelo arquiteto e urbanista Leonardo de Jesus da Silva, o Léo de Jesus.  

Cidade administrativa 

 Uma outra opção para o fim do Aeroporto Carlos Prates se apresentou nos primeiros anos do milênio, quando Aécio Neves se juntou com o arquiteto Oscar Niemeyer para projetarem a sede do governo. Estudos foram feitos para a Cidade Administrativa ser erguida às margens do Anel Rodoviário.  

Em um conteúdo especial feito por O Tempo nos 10 anos da inauguração da sede do Executivo, o então senador Antonio Anastasia contou alguns detalhes. “O aeroporto é um bem da União. Naquela época tentou-se, mas a União não aceitou. Disse que não cederia o aeroporto em nenhuma hipótese”, disse o político que era vice-governador na época das tentativas. 

O arquiteto e urbanista Sergio Myssior participou dos estudos que nem chegaram a ser protocolados. “Os estudos ambientais da época, que não chegaram nem a ser protocolados no órgão ambiental, mas eu participei dos estudos, indicavam claramente que a região não tinha capacidade de suporte de um empreendimento daquele porte”, afirmou. Isso porque seriam necessários investimentos em infraestrutura, mobilidade urbana e preservação cultural que teriam um custo elevado o que, na prática, tornava a obra inviável.