Maus-tratos

Donos de clínica que congelava animais mortos em Nova Lima são indiciados

Funcionários que trabalhavam no local também foram indiciados. Inquérito foi entregue ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que decide se oferece ou não denúncia contra os suspeitos

Por Bruno Menezes
Publicado em 20 de maio de 2021 | 18:22
 
 
 
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Treze pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil na última sexta-feira (14), após a conclusão do inquérito que apurou irregularidades no Hospital Veterinário Animed, localizado na MG-030, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, suspeitos de enganar os clientes para obter lucros ilícitos.

Dentre os indiciados estão os donos, Marcelo Dayrell e Francielle Fernanda que junto com funcionários da clínica podem responder pelos crimes de estelionato, infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, maus-tratos a animais e crime contra as relações de consumo.

O resultado do inquérito foi encaminhado para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que decide se oferece ou não denúncia contra todos os suspeitos à Justiça. Os supostos crimes foram descobertos em 2019, após a polícia receber a denúncia de descarte irregular de material infectante em lixo comum por parte da clínica.

A investigação constatou a irregularidade e descobriu ainda que a clínica aplicava golpes para enganar os clientes. Na época, como mostrou a reportagem de O TEMPO, a operação da Polícia Civil apurou que os animais recebiam medicamentos, faziam exames sem necessidade e permaneciam mais tempo internados na clinica para gerar mais lucros para a empresa.

Animais mortos também eram congelados na clínica e só descongelados quando o dono era avisado da morte do companheiro, dias depois. Injeções para simular para dar aparência de morte recente do animal eram aplicadas para enganar os tutores dos animais. O hospital foi fechado em 2019.

CRMV-MG

Marcelo e Francielle foram ouvidos nesta semana, nos dias 17 e 18 de maio, em audiência no Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG). De acordo com os tutores dos animais internados na clínica, os dois foram punidos com multas, advertência e censura pública. Eles comemoraram o indiciamento dos donos do hospital, mas criticaram o fato do CRMV-MG não ter aplicado punições mais severas, previstas no código de ética profissional.

“Repudiamos veementemente a postura incoerente do CRMV-MG ao reconhecer os crimes e não aplicar a punição para eles prevista em seu próprio Código de Ética, que é a cassação dos registros de Marcelo Dayrell e Francielle Fernanda. O CRMV-MG infringiu seu próprio Código de Ética. Em um único processo Marcelo Dayrell foi enquadrado em uma dezena de infrações éticas, sendo três gravíssimas”, diz a nota do grupo de tutores.

Em nota, o CRMV-MG disse que a decisão proferida foi em 1ª Instância, estando garantido a ambas as partes envolvidas o direito de recorrer junto ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a quem compete a decisão final em caso de recurso.

"Neste momento, todos os processos correm sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional do CFMV. O CRMV-MG reforça que as ações do órgão têm como fundamento os princípios básicos da administração pública, tais como legalidade, impessoalidade e moralidade". 

Defesa

Em nota, o advogado de defesa dos donos da clínica, Frederico Thadeu Peixoto, disse que  os clientes "são vítimas de uma série de denúncias falsas, disseminadas com intuitos escusos" e que a Animed Hospital Veterinário sempre seguiu rigorosamente todos os preceitos éticos e pauta sua atuação pelo bem-estar animal".

Ele disse ainda que os veterinários responsáveis pelo hospital reafirmam que nunca praticaram "qualquer ato de maus tratos contra os animais" e que "sempre foram reconhecidos por abrigar cães de ruas, fazer feiras de doações, etc". 

"Recentemente, o Conselho Regional de Medicina Veterinária analisou algumas dessas denúncias e, ainda assim, do mesmo modo que o Tribunal de Justiça, entendeu que não há qualquer empecilho para que Marcelo e Francielle continuem a ter o direito de trabalhar e exercer com orgulho a honrosa profissão de médicos veterinários", diz a nota assinada pelo advogado.

 

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