O petisco de cães que é investigado pela Polícia Civil após pelo menos seis animais terem morrido em Belo Horizonte, divulgou na noite desta quinta-feira (1º) que já iniciou, "por precaução", a retirada do mercado do lote 3554 do produto Everyday. Ainda segundo a Bassar Pet Food, os produtos citados já foram enviados para análise no laboratório do Centro de Qualidade Analítica da marca e o resultado deve ser divulgado nos próximos dias.
"A empresa informa que vem tomando todas as providências para esclarecimento do fato desde o dia em que recebeu o primeiro relato de possível intoxicação. A Bassar reforça que não há nenhum laudo conclusivo sobre a causa das mortes dos cães e está segura da excelência e da segurança de seus processos de fabricação", continua o texto divulgado pela marca.
Entretanto, apesar da afirmação da Bassar, conforme divulgado por O TEMPO, o laudo de necropsia feito pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que os cães foram contaminados pela ingestão da substância etilenoglicol, que, segundo a instituição, é usada na fabricação de petiscos. A substância ingerida pelos animais é a mesma encontrada em alguns lotes da cerveja Belorizontina, da Backer, que, em janeiro de 2020, levou à contaminação de vários clientes da cervejaria. Dez pessoas morreram e pelo menos outras 16 sofreram lesões gravíssimas.
Mais cedo, a delegada Danúbia Quadros relatou, para além dos seis óbitos registrados na capital mineira, um sétimo animal morreu no interior de Minas Gerais e outros dois em São Paulo. Além disso, esse número pode aumentar, já que há, ao menos, seis cães internados. "A gente tem tomado conhecimento de outros casos de maneira informal, eu acredito que podem surgir novos casos", afirmou a delegada.
"MAPA não encontrou contaminação na linha de produção", diz Bassar
Ainda na nota enviada pela Bassar Pet Food, a empresa afirma que funcionários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizaram inspeção na empresa em diferentes ocasiões nos últimos dias e "atestaram que a fábrica atende a todos as normas de segurança alimentar e de produção". "Os laudos do MAPA comprovam ainda que não há contaminação na linha de produção", afirmou.
Em seguida, a empresa garante nunca ter utilizado etilenoglicol na fabricação de seus produtos. "O propilenoglicol utilizado é um aditivo alimentar presente em alimentos humanos e animal em todo o mundo. A Bassar adquire esses insumos de empresas idôneas e devidamente registradas no MAPA", completou.
"Em seus 5 anos de história, a Bassar Pet Food jamais passou por situação semelhante, se solidariza com a dor dos tutores e reforça a confiança nos processos de fabricação, além de reiterar que preza pela qualidade de seus produtos e pelo bem-estar e satisfação de seus clientes", finaliza a Bassar.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do MAPA informou somente que "o caso está em fase de investigação e, por isso, não é possível adiantar qualquer informação".
Investigação e denúncias
Durante coletiva de imprensa, a delegada Danúbia Quadros informou que a Polícia Civil está providenciando um laudo próprio. "Existe um laudo preliminar, mas a polícia tem a perícia científica e vai ser elaborado um laudo próprio, tanto com relação aos corpinhos quanto em relação aos produtos", explicou.
Tutores que tiverem animais que apresentarem sintomas como vômitos, convulsões e diarréias devem procurar a Polícia Civil, alertou a delegada. A Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor fica na rua Martim de Carvalho, número 94, no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte.
Três cãezinhos, que chegaram a ficar internados após complicações, receberam alta e já estão em casa sendo medicados. “O tratamento com acompanhamento médico prossegue de forma periódica. Tiveram injúria renal aguda e estão se recuperando”, disse a advogada Silvia Valamiel, que representa duas tutoras.
Os cães ficaram internados cerca de 15 dias e o último deles recebeu alta em 18 de agosto. “Eram super saudáveis e ativos. Tinham acompanhamento veterinário frequentemente, porém assim que ingeriram o petisco, começaram a ter muita sede e depois vômito e prostração. Os exames apontaram a alteração renal”.
As tutoras, segundo Silvia, estão muito abaladas. “Eram tratados como filhos da família. Elas vão prosseguir a denúncia. Agora aguardam as provas para requerer no âmbito cível”, disse.