Os engenheiros da empresa alemã Tüv Süd Makoto Namba e André Yassuda valeram-se do direito de permanecer calados durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da barragem de Brumadinho. A reunião é realizada nesta manhã, Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A comissão investiga as causas do desastre que vitimou centenas de pessoas no dia 25 de janeiro deste ano. A liminar que garantiu o silêncio dos engenheiros que atestaram o laudo de estabilidade da barragem I da mina Córrego do Feijão foi emitida pelo desembargador Marcílio Eustáquio Santos, da 7ª Câmara Criminal de Minas Gerais. O primeiro a participar da audiência foi o engenheiro Makoto Namba. Apesar de saber qual seria a resposta, o relator da comissão, deputado André Quintão (PT) preferiu fazer os questionamentos. Makoto Namba respondeu que permaneceria em silêncio por orientação do advogado dele. Essa resposta se seguiu durante todo o momento dedicado às perguntas.

O presidente da comissão, Gustavo Valadares (PSDB) repudiou o silêncio dos profissionais. A declaração foi dada logo no início da audiência.

“Para nós, enquanto representantes eleitos pelo povo mineiro, o silêncio deles não representa somente o exercício de um direito que a Constituição garante a todos àqueles que são investigados. Não. A nós, nos parece que, com o silêncio,  Makoto Namba e André Yassuda nos dizem: não devemos explicações de nossos atos ao povo mineiro nem às vítimas do rompimento da barragem B1, em Brumadinho. Aquela cuja estabilidade atestamos poucos meses antes dela se romper. Sejam elas sobreviventes ou parentes dos mortos. Se devemos explicações, elas serão prestadas apenas ao juiz competentes, se e quando forem demandadas,  mas não responderemos aos questionamentos dos representantes do povo mineiro”, disse.

O comportamento dos engenheiros foi o mesmo adotado em uma reunião da CPI do Senado que também apura o rompimento da barragem da Vale, no dia 3 de abril. Os dois permaneceram em silêncio. Na época, o direito foi garantido por um habeas corpus, assinado pela ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber.

Em depoimento à Polícia Federal, os engenheiros chegaram a alegar que se sentiram pressionados para emissão do laudo de estabilidade. Tanto Makoto Namba quanto André Yassuda foram presos em janeiro de 2019 junto com outros três funcionários da Vale. Em fevereiro, todos foram soltos por meio de uma decisão da 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça. O rompimento da barragem da Vale deixou 233 mortos. Trinta e sete pessoas ainda estão desaparecidas.