Pelo menos três pessoas apresentaram sintomas de intoxicação por dietilenoglicol ao longo do ano de 2019 - fora da época detectada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) para os casos ligados à ingestão de cerveja da Backer, que abrangem notificações a partir de outubro -, segundo o médico infectologista Carlos Starling. Os diagnósticos das três pessoas estão sendo revisados por especialistas da capital. Duas das pessoas morreram e um outro paciente convive com sequelas.

Um paciente de 65 anos, que tem histórico de ingestão de cervejas, foi internado no início de janeiro do ano passado com dores abdominais, insuficiência renal aguda e alterações neurológicas.

“Ele teve uma evolução muito ruim, muito grave. Na época, o diagnóstico ficou entre uma febre hemorrágica e uma leptospirose, mas os resultados foram todos negativos. Depois, a hipótese foi de uma doença autoimune, o que também não se confirmou”, explicou Starling.

Ainda segundo o médico, hoje o paciente está com sequelas auditivas e visuais. Ele recuperou parte das funções renais e não necessita mais de hemodiálise. O diagnóstico será recapitulado.

“Muito compatível com a definição de caso que foi divulgado pela Secretaria de Estado, então nós devemos, certamente, recapitular, rever todos esses casos com essas características. Acreditamos que possa ser pelas características clínicas do caso. Quanto a ingestão de cerveja, tem histórico, sim, de ter ingerido. Não temos a informação se é Backer ou não, mas é parte da investigação que a vigilância epidemiológica deve fazer no futuro. Podemos verificar também, mas é um trabalho deles”, explicou. 

Os pacientes dos outros dois casos são um homem e uma mulher. Ambos aconteceram no segundo semestre do ano passado e evoluíram para o óbito. “Tem características sugestivas, com quadros muito semelhantes ao do primeiro paciente e dos primeiros pacientes que estão sendo divulgados atualmente. São todas situações que ficaram para trás sem um diagnóstico definido e que agora vamos ter que ir, paulatinamente, levantando e identificando se os pacientes tiveram ou não uma intoxicação. Difícil confirmar hoje, mas a gente levanta a hipótese exatamente pela característica clínica”, disse Starling.