Fabricante dos petiscos que estariam contaminados, a Bassar garante ter comprado substância destinada à produção alimentar. Conforme as investigações, o uso do aditivo propilenoglicol contaminado com monoetilenoglicol pode ter causado as mortes de, pelo menos, 54 cães em Minas Gerais e em outros 10 Estados, além do Distrito Federal. 

A Bassar enviou uma foto à reportagem de O Tempo, com informações sobre o rótulo do propilenoglicol, onde consta a informação “Grau USP”. A indicação atesta que o produto pode ser ingerido, explica o professor de produção e nutrição de animais de estimação e silvestres Leonardo Boscoli Lara, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A posição da Bassar foi informada nessa segunda-feira (12), um dia após a importadora A&D Química, apontada como fornecedora da substância propilenoglicol — aditivo usado na produção de alimentos —, afirmar, ao Fantástico, da Rede Globo, que seus produtos não possuem destinação alimentícia, “sendo destinados exclusivamente à fabricação de itens de higiene e limpeza”.

A Bassar comprou a substância da empresa Tecnoclean, com sede em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Na semana passada, a empresa disse atuar apenas como fornecedora do aditivo e que “eventual falha deve ser entendida entre o importador e o fabricante”.

A reportagem entrou em contato com a A&D Química e com a Tecnoclean sobre a garantia dada pela Bassar de que comprou substância destinada ao consumo alimentar, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto para que as empresas se posicionem. 

Propilenoglicol: uso alimentar e industrial

O propilenoglicol é amplamente usado na produção alimentícia, tanto para animais quanto para humanos. Ele não é tóxico e atua, por exemplo, para manter os produtos macios e úmidos. Mercadorias de panificação estão entre as mais comuns que recebem o aditivo.

Já o propilenoglicol para uso industrial, em geral, está contaminado com monoetilenoglicol, e por isso, não pode ser usado para produção alimentícia. “Ele será usado como anticongelante, para motores de carros, para fabricação de tintas, qualquer coisa que queira ter homogeneidade na cor”, explica o professor de produção e nutrição de animais de estimação e silvestres Leonardo Boscoli Lara.

Entenda o caso

O Ministério da Agricultura identificou a contaminação por etilenoglicol em dois lotes de propilenoglicol — AD5053C22 e AD4055C21, ambos fornecidos à Bassar pela Tecnoclean. Por causa disso, a pasta solicitou o recall de produtos, além de alertar empresas do setor de alimentação que também podem ter adquirido a matéria-prima. 

Até o momento, 54 cães morreram após consumirem petiscos supostamente contaminados, conforme a delegada Danúbia Quadros, responsável pelas investigações. As investigações seguem.