Após ser demitido da Cervejaria Backer em dezembro do ano passado, um homem de 33 anos ameaçou de morte o supervisor da empresa e alegou, aos gritos, que 'não tinha nada a perder'. À época, um boletim de ocorrência foi registrado contra o suspeito. A Polícia Civil de Minas Gerais declarou que este episódio não possui qualquer relação com a investigação a respeito da contaminação da cerveja Belorizontina, da Backer. A reportagem de O TEMPO procurou a cervejaria, mas ainda não obteve retorno. 

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O caso aconteceu em 19 de dezembro, há pouco mais de 20 dias, na sede da cervejaria no bairro Olhos D'Água, na região do Barreiro. À polícia, o supervisor da empresa – um homem de 47 anos – declarou que, após receber o comunicado de que seria desligado da cervejaria, o suspeito ficou muito nervoso. Outros funcionários precisaram contê-lo para evitar agressões. O suspeito ainda teria ameaçado o supervisor de morte e dito na frente de todos os trabalhadores que não tinha 'mais nada a perder'. Ele fugiu após a confusão. 

Cervejaria em foco

Constatada a contaminação da cerveja Belorizontina por uma substância tóxica, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) coordenaram o recolhimento de todas as garrafas cujos lotes teriam sido afetados.

O Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG) orientou ainda que consumidores não bebam as cervejas da linha Belorizontina cujos lotes sejam: L1 1348 e L2 1348. Não apenas, o Mapa decretou, na noite dessa sexta-feira (10), o fechamento momentâneo das instalações da fábrica onde a cervejaria funciona em Belo Horizonte.

Uma força-tarefa coordenada por órgãos públicos de saúde e vigilância sanitária investigam a possibilidade de que a substância presente na cerveja contaminada – "dietilenoglicol" – tenha causado o adoecimento de, pelo menos, dez pessoas em Minas Gerais.

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Os pacientes, todos homens até o momento, teriam ingerido a bebida, adquirida em supermercados do bairro Buritis, na região Oeste de BH. Após o consumo, todos desenvolveram sintomas bastante parecidos: insuficiência renal grave e alterações neurológicas. Ainda sem conclusão das causas exatas, o quadro é tido como uma "doença misteriosa" ou "síndrome nefroneural".

Um dos pacientes internados, Paschoal Demartini Filho de 55 anos, não resistiu à rápida piora em seu estado de saúde e morreu nessa quarta-feira (8). Internado na Santa Casa de Juiz de Fora nos últimos dias de vida, ele era morador de Ubá e havia passado o fim de ano na casa de parentes, no bairro Buritis. Seu corpo foi submetido a uma necropsia no Instituto Médico Legal (IML) da capital mineira. Os resultados do laudo só serão conhecidos nos próximos dias.