Um casal de amantes - sendo um homem de 45 anos e uma mulher de 42 - pode pegar de 15 a 20 anos de prisão pela morte de um homem de 46 anos no bairro Ribeiro de Abreu, região Norte de Belo Horizonte. A vítima foi golpeada na cabeça com um bastão de madeira enquanto dormia e morreu de traumatismo cranioencefálico. A motivação do crime, cometido em 14 de junho de 2021, seria o fato de a vítima ter descoberto uma suposta traição da suspeita - que era esposa dele - com o outro homem.
As investigações da PCMG apontam que a vítima e a esposa viviam em um terreno em Santa Luzia, na Grande BH. Nos fundos do mesmo lote, o homem suspeito do crime morava como inquilino. As duas casas eram de propriedade da mãe da vítima.
De acordo com o inquérito, o suspeito estaria em um relacionamento extraconjugal com a suspeita, mas a vítima descobriu a traição. Diante da descoberta, conforme a PCMG, o homem pediu separação e ameaçou retirar a mulher e os filhos da casa onde moravam, para 'devolvê-los' para a sogra, mãe da suspeita. Ele também teria prometido despejar o suspeito da casa nos fundos do lote.
Segundo o delegado Alexandre Oliveira Fonseca, da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, as ameaças, somadas ao desejo sós suspeitos de assumirem o relacionamento e tomarem posse de bens materiais, foram fundamentais para a morte da vítima.
Investigação
A investigação começou no dia 17 de junho, três dias depois do desaparecimento da vítima. A própria suspeita de cometer o crime, após uma pressão da família da vítima, procurou a Polícia Civil para registrar o sumiço do homem. Porém o comportamento da mulher chamou a atenção dos investigadores.
"Ela teve um comportamento estranho, não condizente com uma esposa que está com o marido ausente. Ela estava sorridente durante as entrevistas com a equipe", detalha o delegado Alexandre Fonseca.
Um mês após o crime, os suspeitos assumiram publicamente o relacionamento e postavam fotos nas redes sociais. Conforme o delegado, as perícias nos telefones dos suspeitos apontaram a existência do relacionamento e também o planejamento para o crime. "Nos dois dias anteriores, eles fizeram 31 ligações", revela o delegado Alexandre Fonseca.
O laudo antropológico apontou que vítima foi morta enquanto dormia, com um golpe de um bastão de madeira na cabeça. Segundo a PCMG, uma fratura extensa foi provocada no crânio da vítima. Logo depois, o corpo foi desovado em uma ribanceira de difícil acesso, o que segundo a PCMG explica o longo tempo em que o corpo ficou desaparecido.
Um fator fundamental para elucidar o crime, segundo a Polícia Civil, foi o relato dos filhos do suspeito, que presenciaram a 'preparação' do pai para o crime. Segundo o delegado Alexandre Fonseca, a suspeita retirou os filhos dela de casa no dia dos fatos, mas o suspeito não fez o mesmo. Os quatro filhos dele, sendo duas crianças, teriam relatado o que viram para a ex-mulher do suspeito, que procurou a PCMG.
"No dia do crime, o autor deixou os filhos nos fundos. Eles viram muita coisa. Viram o pai fazer toda a preparação, comprar um pedaço de bastão de inchada. Ele disse para eles que era com aquilo que iria matar a vítima. Viram a limpeza da casa, com cloro e água sanitária, descascando paredes. Esse depoimento trouxe para nós a materialidade que a gente precisava", detalha.
A ossada da vítima foi localizada durante as investigações em uma mata no bairro Padre Miguel, em Santa Luzia, na Grande BH. Porém a relação da ossada com crime só foi descoberta após a confissão do suspeito, que teria indicado onde deixou o corpo. "A distância entre o local indicado por ele (suspeito) e o local onde foi achada a ossada é de 12 metros", diz Alexandre Fonseca.
Após ser localizado, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e passou por análise antropológica, que apontou características semelhantes com as da vítima, como tamanho e idade. Outro fator que auxiliou na identificação foi uma pulseira achada junto à ossada, que a família da vítima reconheceu ser dela.
Os suspeitos foram presos temporariamente em 26 de maio deste ano e, conforme o delegado, podem responder por homicídio qualificado - por motivo torpe e meio que impossibilitou a defesa da vítima. Eles também podem ser indiciados por ocultação de cadáver (pela desova do corpo) e fraude processual, por terem limpado a cena do crime, destruído colchões e pintado as paredes da casa.