O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou, em coletiva nesta terça-feira (29), que as atividades de mineração no entorno de barragens de Brumadinho e de Mariana serão paralisadas para que seja possível fazer o descomissionamento delas. Schvartsman disse que a empresa possui hoje dez barragens no modelo de Brumadinho, chamada de a montante, todas em Minas Gerais, já desativadas. Desde o acidente de Mariana, em 2015, nove foram desmontadas.
A paralisação de atividades de mineração, de acordo com o economista e professor do Ibmec, terá um “impacto desastroso” na economia de Minas Gerais. “Em Minas Gerais, 20% do que a gente exporta é minério. Imagina o volume de emprego que é necessário para fazer esse tipo de exportação?", indagou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Vale para questionar sobre a possibilidade de as pessoas perderem o emprego, mas ainda não foi respondida.
Na avaliação do economista, a paralisação das atividades mineradoras da empresa terá um efeito cascata. “Com a paralisação, a arrecadação do Estado vai cair. Com isso, o investimento em áreas-chave, como o transporte, também diminuirá. O efeito cascata também ocorrerá em setores que dependem do minério de ferro, há todo um complexo montado em torno da mineração”, falou.
Segundo Leroy, mesmo que a suspensão de atividades ocorra somente no entorno de Brumadinho e Mariana, o impacto terá peso no Estado inteiro. “Vai ter uma pressão para encerrar as atividades em outros lugares, porque, em Brumadinho, que passou por uma vistoria de segurança, acabou ocasionando esse rompimento. Com certeza, haverá pressão para desestimular a atividade mineradora em todo Estado, mesmo que ela opere com segurança.
PIB deverá sofrer queda
Em 2017, o lucro da Vale representou uma fatia de 0,25% do PIB nacional. Com a paralisação das atividades, o economista avalia que o produto interno bruto também será afetado, especialmente em Minas Gerais. “Nacionalmente, pode ser que não haja tanto impacto, mas com certeza o maior afetado será Minas Gerais.
A Vale informou que o impacto estimado das paralisações sobre a produção é da ordem de 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, incluindo nesse número o pellet feed necessário para a produção de 11 milhões de toneladas de pelotas. Esse corte representa cerca de 10% da produção anual da Vale.
Saiba onde as obras serão suspensas
A companhia detalhou que vai suspender temporariamente a produção das unidades onde as estruturas estão localizadas. Veja quais são: as operações de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e as operações de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopebas, incluindo também a paralisação das plantas de pelotização de Fábrica e Vargem Grande. As operações nas unidades paralisadas serão retomadas à medida que forem concluídos os descomissionamentos.