O número de casos confirmados de dengue em janeiro de 2024 é 38% maior que a quantidade registrada no mesmo mês de 2016, ano em que Belo Horizonte enfrentou a pior epidemia da doença. No primeiro mês deste ano foram 1.045 casos confirmados, número superior aos 753 daquele período. A quantidade de casos de dengue em janeiro deste ano também é maior que o  registrado no primeiro mês de 2019, ano em que o município enfrentou a última epidemia da doença. Foram 33 casos em janeiro daquele ano, o que representa uma crescente de 3.066%.

"Neste ano, temos uma questão peculiar, que é uma epidemia muito parecida com a de 2016. A gente já observou um aumento significativo de casos em janeiro, quando o normal é ter essa crescente em fevereiro ou março. E, em 2024, no primeiro mês, já superamos a quantidade de 2016", apontou o subsecretário de Atenção a Saúde, André Menezes.

Segundo ele, a capital tende a enfrentar uma epidemia de dengue mais severa, quando comparada a de 2016, considerada por ele, como a pior no município. "É uma situação que preocupa bastante. Naquele ano, tivemos uma epidemia muito pesada, por causa do número de atendimentos e também por ter sido prolongada, começando em janeiro e terminando em maio. Mas a gente segue monitorando o cenário em 2024, com todas as nossas ações e fazendo a vigilância epidemiológica dos casos", afirmou.

Nesta quarta-feira (7 de janeiro), a Prefeitura de Belo Horizonte reconheceu o cenário de epidemia de dengue diante do aumento do número de casos confirmados e em investigação. Isso ocorre quando há 300 casos por 100 mil habitantes, conforme determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados mais recentes no município mostram que, atualmente, a incidência é de cerca de 484,6 casos por 100 mil habitantes. Até a última quarta-feira (7), a capital confirmou 1.952 casos de dengue e três óbitos, além de 151 casos de chikungunya.

"A gente já esperava essa subida de casos, é algo que está previsto até o final de março, começo de abril, quando devemos ter o pico da doença. A nossa expectativa é que isso possa diminuir em maio, quando a estação tropical chega ao fim e aproxima o inverno", avaliou o subsecretário.

De acordo com ele, a capital está preparada para oferecer atendimento à população e possui recursos para enfrentar novos focos do mosquito aedes aegypti, responsável pela transmissão da doença. "Este cenário de epidemia, que vivemos hoje, é algo que estamos trabalhando desde outubro do ano passado. Então temos recursos para enfrentar esse momento, por isso ainda não decretamos situação de emergência, mas com a crescente de casos, é algo que pode mudar", pontuou.

A Prefeitura de Belo Horizonte garante que possui um Plano de Enfrentamento às Arboviroses que é ativado gradativamente, mediante o atual cenário epidemiológico. No dia 1° de fevereiro, o Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA), instalado na UPA Centro Sul, começou a funcionar. No dia 3 de fevereiro, duas unidades semelhantes, sendo uma em Venda Nova e outra no Barreiro, também foram abertas. Na mesma data, a prefeitura abriu uma Unidade de Reposição Volêmica (URV) na região Centro-Sul e outra em Venda Nova.

Outra ação, prevista no Plano de Enfrentamento às Arboviroses, é o processamento de amostras de exames PCR, para diagnóstico de dengue, chikungunya e zika, começará a ser realizado no setor de Biologia Molecular do Laboratório Municipal de Referência, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A estratégia começa a ser implantada nesta quinta-feira (8) e tem como objetivo agilizar os resultados, garantindo tratamento e cuidado. A capacidade é de 200 análises por dia e esse quantitativo será ampliado gradativamente.

Somado às iniciativas de assistência à saúde, a prefeitura da capital promete intensificar as ações de fiscalização aos focos do mosquito aedes aegypti. Segundo o balanço da Secretaria Municipal de Saúde, em 2023 foram realizadas cerca de 5 milhões de vistorias em todas as regionais do município. Já em 2024 são mais de 250 mil imóveis visitados pelas equipes. "É uma doença que a gente enfrenta somente com o apoio da população. Três a cada quatro focos da dengue estão dentro dos domicílios, por isso é necessário o protagonismo da população", alertou o subsecretário.