O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se reuniu nesta terça-feira (19) com o seu secretariado e solicitou que todas as áreas de risco geológico da capital mineira sejam mapeadas. Essa é uma das ações propostas pelo chefe do Executivo para auxiliar na resolução de problemas ocasionados pela chuva na cidade. Especialistas ouvidos pela reportagem dizem que esse levantamento já existe e que deve ser atualizado frequentemente.
“Nós propusemos a eles que se mapeie milimetricamente, se possível, todas as áreas de risco geológico”, explicou Kalil ao ser questionado sobre o que seria realizado na prática para evitar mortes durante o período chuvoso.
Em conversa com a reportagem, o geólogo Allaoua Saadi, professor do Instituto de Geociência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que esse monitoramento já existe e deveria ser atualizado.
“De fato, esse monitoramento deveria basear-se, do ponto de vista atemporal, sob uma aproximação do período de chuva. Esse levantamento já existe e já foi feito pelas administrações municipais anteriores. É evidente que ele deveria ser reatualizado anualmente no período de seca à luz dos acontecimentos que aconteceram durante o período chuvoso anterior”, explica o professor Allaoua Saadi.
O geólogo Eduardo Marques, professor da Universidade Federal de Viçosa, também explicou que esse levantamento já existe. “Na verdade, a Prefeitura de Belo Horizonte já faz esse monitoramento das áreas de risco, mas ele deve ser atualizado toda hora. Inclusive, estamos com um projeto com a Urbel para criar índices de alerta e atenção”, afirma o docente.
Remoção de famílias dessas áreas
Ainda durante a entrevista coletiva, que ocorreu após a reunião com o secretariado, o prefeito Alexandre Kalil disse que os órgãos municipais já atuam para conter desastres nessas áreas e exemplificou lembrando que seis famílias foram retiradas de áreas de risco durante o temporal dessa segunda em Belo Horizonte.
“Seis famílias foram retiradas de suas casas. Isso é mitigar a morte. Não aconteceu nenhuma morte nas casas dessas famílias, mas, na dúvida, não tem como ter dúvida. Nós temos que tirar todo mundo. Nós temos uma robustez social grande na prefeitura para proteger esse pessoal, com ajuda no aluguel para colocar em outra casa”, esclarece Kalil.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, de janeiro a setembro de 2021, a Urbel - Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte - realizou cerca de 50 obras em áreas de risco geológico em vilas e favelas da capital. Neste período, mais de 150 famílias foram retiradas preventivamente.
Nesses casos, de acordo com a PBH, as famílias são encaminhadas para o Abrigo Municipal, podendo acessar o programa Bolsa Moradia até o reassentamento definitivo em uma unidade habitacional construída pela PBH.
Atualmente, como explicou a prefeitura, de acordo com o último Diagnóstico de Áreas de Risco, cerca de 1.500 moradias se encontram em áreas de risco de vilas e favelas. Todas elas estão localizadas em vilas e favelas de todas as regionais da capital.
Outras ações
Além da avaliação de áreas que estão em alerta de risco geológico, o prefeito também anunciou ações de tapa buraco para as vias que foram afetadas.
“Ninguém vai acabar com a chuva, ninguém vai resolver o problema e não vamos falar que está tudo resolvido. A reunião foi para suavizar os danos que as chuvas prometem para o fim do ano. Então viemos aqui para organizar um comitê, para que a gente estruture de forma organizada, para que possa diminuir os danos que as chuvas têm provocado”, alegou o prefeito.
Questionado se teme por uma tragédia durante o período chuvoso, Kalil diz que tem receio de tudo. "Eu tenho medo de ficar doente, medo de covid-19, de risco geológico, medo de chuva, tenho medo de tudo. Sou um medroso”, declarou.