A Polícia Civil desvendou o mistério sobre o feto encontrado na rua Nove, do bairro Cardoso, no Barreiro, na última segunda-feira (1), e prendeu duas pessoas, nesta terça-feira (2). A mãe da criança, de 34 anos, contou que abortou a criança em um ato de desespero por estar desempregada e não ter uma relação com o pai do bebê.  

De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher disse aos políciais que, em novembro do ano passado, ela saiu com um homem após uma festa e manteve relações sexuais com ele. Depois disso, ela descobriu que estava grávida. 

A suspeita disse ter se desesperado ao saber que teria um bebê. Como ela está desempregada e não tem nenhuma convivência com o homem que passou apenas uma noite, ela teve medo de não conseguir sustentar a criança e decidiu abortar. 

No boletim de ocorrência ela relatou que primeiro tentou um chá abortivo e, como não teve sucesso, comprou um remédio que, segundo as investigações, teve o custo de R$ 700 para conseguir efetivar o aborto. A mulher teria pedido ajuda a dois amigos que, inclusive, teriam ajudado na escolha do remédio.  

Investigação

Na tarde desta quarta-feira (3), em coletiva de imprensa, o delegado da Polícia Civil, Frederico Abelha, pontuou que a investigação chegou até a mulher após analisar imagens de câmeras de vigilância de residências próximas do local de onde o feto foi encontrado. As imagens mostram um homem deixando uma sacola com o feto no local. O rapaz tem 23 anos e é amigo da mulher que fez o aborto. 

“Em posse dessas imagens, os policiais passaram a entrevistar moradores do bairro Cardoso, onde o rapaz [suspeito] é bem conhecido. A equipe descobriu onde ele morava, foi até a casa dele e o entrevistou. Ele não negou os fatos e ainda deu o nome da mãe da criança”, explicou o delegado.

Uma terceira pessoa que teria auxiliado no aborto não foi encontrada pelos investigadores.  O rapaz contou aos policiais que deixou os objetos utilizados no aborto, como uma fralda geriátrica e um edredom que ficaram ensanguentados em pontos estratégicos para que a família da mulher soubesse do que ela tinha feito. 

"Ele deixou a fralda geriátrica ensanguentada na porta da casa dele, em um lixo; o edredom ele colocou na porta da casa da mãe da suspeita; e o feto ele colocou na porta da casa da avó da suspeita”, explicou o delegado da Polícia Civil Alexandre Fonseca. Ainda segundo o delegado, o homem disse que teria deixado os objetos e feto próximo das residênciasde familiares da mulher para se vingar dela, porque ela teria espalhado o boato no bairro de que ele seria soropositivo.

A versão do rapaz, no entanto, será investigada pela Polícia Civil. A mulher foi hospitalizada para cuidados médicos e a polícia irá investigar onde eles adquiriram o medicamento utilizado no aborto.

Relembre

O feto foi retirado no domingo (28), já na segunda-feira (1), ele foi encontrado em uma calçada do bairro Cardoso por um morador que saia para trabalhar. Um lençol com sangue foi encontrado em uma lixeira próxima a rua onde o corpo estava. O morador da casa acionou a polícia e o local foi periciado na segunda, quando também foi aberta uma investigação.