Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil no inquérito que apura a queda da aeronave da cantora Marília Mendonça em Piedade de Caratinga, na região do Rio Doce, em Minas Gerais, relatou que conversou por rádio com o piloto do avião momento antes da queda. Nessa conversa, ele teria dito que estava prestes a pousar e não relatou nenhum problema envolvendo a aeronave.

O acidente aconteceu no último dia 5, em Piedade de Caratinga, no Rio Doce. Cinco pessoas morreram, incluindo a cantora sertaneja de 26 anos.

Segundo o delegado Ivan Lopes Sales, que coordena a investigação, a testemunha ouvida foi um piloto de um avião monomotor que saiu de Viçosa, na Zona da Mata Mineira. Ele pousou em Caratinga pouco depois do acidente envolvendo a cantora.

"Eles conversaram no rádio e o piloto, em momento algum reportou nenhum tipo de problema na aeronave. O que chama a atenção é que em determinado momento o piloto disse que já estava na perna do vento da 02. Na aviação isso significa que ele estava em procedimento de pouso", conta o delegado, que completa. "Pela oitiva desse piloto, a estimativa que fizemos é que o acidente ocorreu a menos de 1 minuto do pouso", relata.

Ainda segundo Ivan, esse testemunho foi fundamental para definir as linhas de investigação da Polícia Civil. Neste momento, a principal hipotese é de que o avião onde estava Marília Mendonça teria se chocado em uma linha de transmissão da Cemig, e isso teria sido o motivo do acidente. No entanto, a conclusão dessa investigação vai depender das apurações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Saiba mais: Conheça as linhas de investigação da Polícia Civil

Crea apura torres da Cemig

Ainda conforme o delegado Ivan Lopes Sales, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) abriu uma investigação para apurar a instalação de torres de distribuição da Cemig em Caratinga.

Segundo o delegado, mesmo que seja confirmado o fato de que a rede foi decisiva para a queda do avião, isso não significa que a Cemig tem alguma responsabilidade. "Caso isso seja confirmado, só significa que houve a colisão. Mas é fato que a gente aguarda esses laudos do Cenipa para a gente traçar (a investigação)", conclui.

Procurada, a Cemig disse que a rede de transmissão está de acordo com a legislação e está instalada fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga, conforme determina o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Além disso, a empresa alegou que lamenta "esse trágico acidente" e se solidariza com parentes e amigos das vítimas.

Confira a nota na íntegra:

"A Cemig esclarece que a Linha de Distribuição atingida pela aeronave prefixo PT-ONJ, no trágico acidente do dia 5 de novembro, está fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga, nos termos de Portaria específica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), do Comando da Aeronáutica Brasileiro (como mostra imagem já divulgada pela Cemig).

Reiteramos que a Cemig segue rigorosamente as Normas Técnicas Brasileiras e a regulamentação em vigor em todos os seus projetos.

A sinalização por meio de esferas na cor laranja é exigida para torres em situações específicas, entre elas estar dentro de uma zona de proteção de aeródromos, o que não é o caso da torre que teve seu cabo atingido.

As investigações das autoridades competentes irão esclarecer as causas do acidente. A Companhia mais uma vez lamenta esse trágico acidente e se solidariza com parentes e amigos das vítimas."