A primeira cirurgia de catarata em uma onça-parda do Brasil acontece, neste sábado (23), em Uberaba, no Triângulo Mineiro. A informação foi divulgada pelo Hospital Veterinário da Uniube (HVU) nesta sexta-feira (22), após a chegada do animal ao local.
A onça-parda fêmea, apelidada de Kiara, tem 11 meses, 31kg, e precisará do procedimento após sofrer um trauma na cabeça, no ano passado, o que ocasionou uma lesão ocular.
A cirurgia será acompanhada pelos alunos de medicina veterinária da Uniube e pelas equipes médicas do hospital e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), parceiro por meio do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetras), localizado em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
Kiara chegou ao Cetras em dezembro do ano passado, com idade estimada em 15 dias de vida. "Logo que chegou apresentou um quadro neurológico (convulsões, ataxia etc.) compatíveis com um quadro de trauma. Se recuperou bem, porém apresentou como sequela um quadro de catarata, que começou a se desenvolver em torno dos 3 meses de vida", explica o médico-veterinário do Cetras, Rafael Ferraz de Barros.
Segundo ele, a catarata é, basicamente uma opacidade da lente do olho, que impede que o animal enxergue normalmente. "Isso também impede seu retorno à natureza. Agora com 31 kg, ela será submetida à cirurgia com a expectativa de que possa ser reabilitada", completa.
Recuperação
Ainda de acordo com o HVU, o processo de recuperação do procedimento é estimado em 4 a 6 meses.
A unidade de saúde veterinária tem mais de uma década de experiência, sendo referência no atendimento de animais silvestres no Triângulo Mineiro. Ela conta com parcerias sólidas com a Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, Ministério Público de Minas Gerais e IEF.
"Foi possível preparar para a cirurgia e anestesia de alto grau de complexidade no procedimento na onça, que envolverá mais de 10 médicos-veterinários e docentes do curso de Medicina Veterinária, além dos alunos e residentes do Hospital Veterinário da Uniube. Ficamos felizes em ajudar a onça para ter novamente a visão recuperada, repassando o conhecimento para outros profissionais que poderão realizar em outros grandes felídeos em centros de triagem e zoológicos", finaliza o gerente clínico do HVU, Cláudio Yudi.