Depois de ser multada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad) por causar danos aos recursos hídricos e operar sem licença ambiental, a Mineral do Brasil, que atua nas cidades de Brumadinho e Mário Campos, na região metropolitana, está no centro de outras acusações. A população do bairro Tejuco, em Brumadinho, alega ter descoberto uma nova cava de exploração mineral da empresa, que não teve autorização para ampliar as atividades minerárias. Como resultado, a água que sai nas torneiras de cerca de mil moradores do bairro já está turva.

A possível irregularidade está no radar do governo do Estado. Já foram encaminhados três pedidos de apuração por parte de órgãos como prefeitura e Ministério Público para a Semad. Além disso, outras quatro denúncias sobre a atuação da empresa chegaram até a pasta nos últimos 12 meses.

“Começamos a perceber que nossa água ficou barrenta. Como a Mineral do Brasil já tinha feito uma cava irregular no ano passado, fomos lá ver o que estava acontecendo e achamos outro buraco no meio do mato. A água que saía da cava estava puro barro, e é ela que cai na nossa caixa d’água”, denuncia a presidente da Associação de Moradores do Tejuco, Josiele Rosa Silva Tomaz. Os moradores fizeram fotos e vídeos da situação e enviaram para a prefeitura.

Em 2018, a mineradora tinha sido flagrada fazendo exploração em uma área sem a devida licença ambiental. Na época, a qualidade da água da comunidade do Tejuco já tinha sido afetada. A situação gerou duas multas para a empresa, de quase R$ 387 mil. A notificação partiu da Semad após vistoria na área.

Agora, os moradores alertam para a abertura de uma nova cava no local. Porém, segundo a Semad, a empresa não recebeu novas autorizações para expandir as operações. Ela tem duas requisições de abertura de cavas em análise pelo órgão. Os dois projetos são de lavras a céu aberto e tratamento a seco.

Mineradora foi flagrada causando outros danos

Além das notificações por causar danos aos recursos hídricos e operar atividade efetivamente degradadora do meio ambiente sem licença ambiental, a Mineral do Brasil ainda foi flagrada realizando supressão de vegetação nativa de Cerrado e Mata Atlântica. A infração, descoberta no ano passado, gerou uma multa de quase R$ 29 mil para a empresa, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad).

A mineradora está sendo investigada ainda por supostamente ter feito um posto de gasolina nas proximidades da unidade, em Brumadinho, cujas obras estariam soterrando uma nascente. A denúncia chegou no Estado neste mês e foi encaminhada para a Polícia de Meio Ambiente, que apura a possível irregularidade.

A prefeitura de Brumadinho também avalia a veracidade das queixas dos moradores quanto à qualidade da água que abastece a região. Segundo o secretário de Meio Ambiente de Brumadinho, Daniel Hilário de Lima e Freitas, caso as histórias referentes ao mau uso do recurso hídrico por parte da mineradora sejam confirmadas, elas serão encaminhadas para o governo do Estado.

“É o Estado quem tem o poder de dar anuência para os empreendimentos e quem multa as empresas licenciadas por ele. Mas nada nos impede de acompanhar a situação e denunciar ao lado da população”, afirma.

Em nota, a Semad disse que: “além das autuações já realizadas, caso sejam constatadas outras irregularidades, a empresa estará passível a penalidades”.

Resposta

Outro lado. A Mineral do Brasil foi procurada pela reportagem, mas, até o fechamento desta edição, não havia se pronunciado sobre as acusações e investigações em curso.