Em cada rua de chão batido, casas de tijolo aparente revelam histórias de famílias afetadas pela pandemia do coronavírus. Com a fonte de renda duramente comprometida pela paralisação das atividades econômicas, a carência de algumas famílias se soma às dificuldades impostas pela crise sanitária. Construído de forma desordenada entre os limites dos municípios de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Itabirito, na região Central do Estado, o bairro Balneário Água Limpa concentra mais de 6.000 pessoas que convivem com a falta de infraestrutura básica. De acordo com a associação dos moradores, ainda houve um aumento considerável de pedidos de ajuda para conseguir o básico: o alimento.
O presidente da entidade, Humberto de Moura, explica que antes da chegada da doença na região, eram cerca de 150 famílias carentes cadastradas para recebimento de doações. Hoje, o número dobrou e já ultrapassa 300. E para amenizar parte desse drama vivido por muitas pessoas, a associação conseguiu através de uma parceria com a Cruz Vermelha a distribuição de 160 cestas básicas, além de kits de higiene com álcool e água sanitária.
“A maioria das pessoas do bairro trabalha como diarista, pedreiro, jardineiro e outras profissões que atuam nos condomínios da redondeza. Por conta da pandemia, está todo mundo em casa, sem receber. E tem o risco da contaminação, então o patrão não quer mais o serviço. Como não fatura, não come. Esse é o nosso maior problema hoje”, enfatiza.
Durante a ação, que aconteceu nesta manhã, o diretor financeiro da Cruz Vermelha, Ricardo de Olivera, conta que além da entrega dos alimentos, os voluntários da instituição fazem um cadastro de cada morador, no qual é questionado se há alguém com suspeita ou caso de coronavírus confirmado, além de informações básicas sobre a família. “Temos um trabalho bem próximo das associações de bairros, a gente com a equipe para fazer a distribuição na ponta. Ainda contamos com um sistema em que consigo saber quantas pessoas há na casa, qual a idade média, para depois compilar todas as informações e saber quais são as áreas de maior necessidade, maior carência”, explica.
Em casa com sete filhos
Com o marido aposentado por invalidez, e os sete filhos em casa, além do neto, a diarista Gislene Aparecida, de 37 anos, foi uma das beneficiadas pela cesta básica da Cruz Vermelha. Ela, que foi dispensada de todas as casas em que faxinava, diz que a doação será de grande ajuda. “Criamos umas galinhas, porcos e temos horta, o que ajuda a complementar também a alimentação. Com o coronavírus ficou mais difícil, porque perdi minha renda e agora todo mundo está o dia todo dentro de casa”, afirma.
E assim como Gislene, a Cruz Vermelha Brasileira em Minas Gerais afirma que já realizou a entrega de mais de 3.000 itens com alimentados básicos para família em situação de vulnerabilidade social desde o início da pandemia. E para que esse trabalho continue, a entidade pede doações da população. Para contribuir, basta acessar aqui.