Atividades de mineração voltaram a ser alvo de protesto na manhã deste sábado (25). Desta vez, o questionamento é sobre a intenção da Vale em expandir as minas Tamanduá e Capitão do Mato, ambas situadas em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. A ação foi convocada pelo movimento Não Cava, que contesta a ampliação desordenada da mineração.
Organizados em caminhada, os moradores da cidade, juntos de ativistas ambientais vindos de Belo Horizonte e região, reclamaram sobre o projeto de mineração. Segundo eles, caso a proposta seja colocada em prática, serão grandes os impactos ambientais. Uma das maiores preocupações é com o possível comprometimento dos aquíferos ali presentes.
“O que mais nos preocupa é a questão hídrica, pois a região conta com quatro aquíferos, o maior deles chamado Cauê. Eles abastecem metade dos moradores de Belo Horizonte e entorno”, disse Pedro Homem, um dos integrantes do movimento. Segundo ele, a ação pode resultar na morte de nascentes e córregos. “A morte de um aquífero como esses é irreversível”, completou.
Conforme informações enviadas pelo Não Cava, caso ampliada, a mina de Capitão do Mato irá ocupar uma área de 640 campos de futebol, e outros 132 campos seria o tamanho da mina de Tamanduá.
Outra preocupação é com a fauna e a flora, já que a região conta com espécies nativas. A área também apresenta 25 cavernas, sendo 4 delas consideradas de máxima relevância e 14 de alta relevância, conforme estudos prévios.
Os moradores afirmam que estão em contato com a Vale, mas cobram mais transparência da empresa. Segundo eles, o relatório de impacto ambiental (RIMA) elaborado pela mineradora não detalha o impacto real que pode acontecer devido à execução do projeto.
Para a expansão ocorrer, a empresa ainda aguarda a liberação de autorizações e licenciamentos ambientais. Uma audiência pública virtual sobre o tema será realizada na próxima terça (28).
A Vale informou que mantém diálogo com as comunidades locais e também com o poder público sobre o projeto. A empresa disse que a expansão contempla ações de preservação ambiental e também garante a segurança do entorno, além de monitoramento geotécnico, hídrico e de fauna. A Vale, no entanto, não enviou detalhes dessas ações.
Sobre os possíveis efeitos hídricos, a mineradora informou que estudos ambientais demonstraram que o impacto será restrito às “áreas de lavra e entornos imediatos”.
Documentos sobre as possíveis implicações ambientais da operação foram divulgados pela Vale e podem ser acessados aqui.