Uma mulher de 36 anos foi assassinada pelo marido ao se recusar a esquentar a "janta", na noite dessa quarta-feira (1º), na casa da família em Araçuaí, na região do Vale do Jequitinhonha. Os filhos do casal, dois meninos de 9 e 14 anos, presenciaram o crime.
O adolescente contou à Polícia Militar (PM) que o pai, de 42 anos, chegou em casa, na rua Nossa Senhora Aparecida, no bairro Bela Vista, e acordou Zilda Ferreira da Cruz, 36, falando para ela esquentar a "janta", mas ela teria se recusado.
Diante da negativa, o homem pegou uma arma e atirou quatro vezes contra a mulher, acertando a cabeça, a axila esquerda, o braço esquerdo e uma bala na altura da cintura.
Os vizinhos ouviram o barulho dos disparos e chamaram a PM, que já encontrou a mulher morta. O suspeito conseguiu fugir, levando a arma e até o momento não foi localizado.
De acordo com levantamentos dos militares, a vítima teria passado uns dias na casa de parentes para fugir das constantes agressões do marido. Uma comerciante da cidade, que não terá o nome divulgado, contou à reportagem de O TEMPO, que o suspeito não deixava Zilda trabalhar fora. "Ela não saía para canto nenhum. Ela chegou a ir embora para Belo Horizonte, ele (o marido) fez de tudo para ela voltar e ela voltou".
Zilda e o marido são naturais da cidade. A família dela mora na zona rural, onde os filhos estão. "Não é fácil, eles (filhos) estão traumatizados, estão muito sentidos", contou Vilma Lopes Nunes, 50, irmã do suspeito.
Conforme a cunhada, Zilda não reclamava do companheiro. O casal estava junto há pelo menos 15 anos e ela trabalhava como faxineira, segundo Vilma. "Era uma mulher muito honesta. Eu sou irmã dele, mas estou do lado dela. Tem que ter Justiça. Se ele me procurar eu não vou dar cobertura", garantiu.
A delegada Maria Aparecida Motta Martins, da Delegacia de Polícia Civil Araçuaí, instaurou inquérito e nesta manhã de quinta-feira (2) colheu depoimento dos filhos do casal e de uma irmã da vítima.
Conforme os meninos, os pais já estavam separados de corpos há cerca de 15 dias. Além disso, falaram que sempre que o pai chegava em casa obrigava a mãe a esquentar ou fazer o jantar para ele. Nessa quarta-feira, quando ela resolveu enfrentá-lo, ele ameaçou de matá-la, mas ela não acreditou e ele atirou.
Os garotos também afirmaram que o pai nunca tinha agredido a mãe fisicamente. O suspeito não tinha antecedentes criminais.
Atualizada às 15h17