No trânsito, é comum ouvirmos frases como "mulher ao volante, perigo constante" ou "tinha que ser dona Maria mesmo". Porém, uma pesquisa realizada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostra que dizeres como esses não passam de puro preconceito. O estudo apontou que elas se envolvem três vezes menos em acidentes com vítimas no Brasil do que eles. Em cada 86 mulheres motoristas, uma se envolve em acidente. Já no caso do homem, a proporção é de um para cada 27 homens habilitados. Elas representam 33% do total de condutores existentes no país, mas estiveram envolvidas em apenas 11% dos acidentes com feridos ou mortos de 2004 a 2007. Já os homens, que são 67% do total de motoristas, estiveram envolvidos em 71% das tragédias. Em Belo Horizonte, de acordo com dados da Polícia Civil, no mesmo período, 30,5% dos 62.923 acidentes com vítimas registrados tiveram envolvimento de mulheres, enquanto 69,5% foram causados por homens.
Os dados mais recentes são de 2007, quando 5.101 das 18.968 batidas foram causadas por condutoras, o que representa 27% do total. A diferença entre os gêneros no número de mortos no trânsito da capital mineira é ainda maior. Nos quatro anos pesquisados, 156 mulheres morreram enquanto o número de homens vítimas foi de 662, ou seja, as mulheres representaram apenas 19% do total. Em 2007, a média foi ainda menor: 17%. Outro dado que aponta a diferença é a taxa de crescimento no número de acidentes envolvendo os dois sexos. Na comparação de 2007 com 2006, segundo os dados do Detran, os acidentes causados por mulheres cresceram 2% em Belo Horizonte, enquanto os provocados por condutores do sexo masculino cresceram 12%.
Exposição. Para o perito especialista em segurança no trânsito, Paulo Ademar de Souza Filho, o fato dos homens trabalharem mais como motoristas do que as mulheres os deixam em exposição por um tempo maior aos acidentes. Além disso, outro fator apontado pelo especialista é o fato da mulher ser mais sensível à obediência. "Por sua própria estrutura psicológica, é mais fácil para ela respeitar as leis de trânsito", disse. A universitária Eliana Santos, 31, possui 12 anos de habilitação na categoria B e seis na A, de motos. Ela nunca sofreu nenhum acidente com vítimas, apesar de usar muito os dois veículos. Mesmo dirigindo com cautela, Eliana ainda enfrenta preconceito dos outros condutores. "Me chamam de dona Maria e me fecham. Simplesmente ignoro."
Habilitação. No Brasil, dos pouco mais de 45 milhões de motoristas habilitados, 15 milhões são mulheres, um crescimento de 44% em quatro anos. Porém, em Belo Horizonte, o aumento foi menor, de 19% no número de habilitadas.
Números
50% foi o índice de aumento
33%
299 mil mulheres
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