O retorno para casa após o expediente guarda marcas dolorosas em Cláudia Margarida Ferreira: ao atravessar o portão escutou os gritos da filha mais velha, uma adolescente de 16 anos, anunciando o desaparecimento do irmão, Eduardo Ferreira de Oliveira.
O menino, um bebê de apenas 2 anos que atende pelo apelido "Dudu", brincava com seu cachorrinho no quintal de casa na manhã dessa quarta-feira (12) quando passou pela porta entreaberta que separa a residência da rua e não mais foi visto. A casa da família fica na Alameda Flamboyant, no bairro Maria Vila Regina, em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Comunicado o sumiço do garotinho, moradores da região e militares do Corpo de Bombeiros se uniram às buscas por ele, que pode ter se perdido em uma mata próxima à casa.
Além deles, na manhã desta quinta-feira (13), mergulhadores e cães farejadores também o procuram em uma área onde há lagoas. Alarmada e aos prantos, a mãe do menino se preocupa que ele tenha entrado em algum dos ônibus que param em um ponto próximo à casa ou, pior, que alguém possa tê-lo levado embora.
"Eu quero encontrar o menininho. Se alguém estiver com ele, me devolva... Não vai acontecer nada, só entrega o menino para mim (chora). Meu coração tá pensando em tanta coisa, sei não, meu Deus. Eu não sei mais o que penso, se alguém levou ele do ponto de ônibus, se alguém tá com ele...".
No ponto próximo à residência passam ainda linhas de ônibus que ligam Juatuba a municípios da região metropolitana, entre eles Contagem – alguns coletivos param, inclusive, na estação de metrô do bairro Eldorado. Cláudia teme que Eduardo possa ter sido levado ou mesmo ido só em um desses coletivos.
Ouça o apelo da mãe de Eduardo:
APELO: O pequeno Eduardo, ou Dudu, de 2 aninhos, segue desaparecido após escapar pelo portão de sua casa, em Juatuba, na Grande BH. Se você tiver QUALQUER informação, pode ligar para o telefone (31) 99523-8670. E já ajuda muito ao COMPARTILHAR a notícia: https://t.co/pWVKk5rSUw pic.twitter.com/dx6IrDQ3lY
— O Tempo (@otempo) February 13, 2020
Buscas desesperadas
Cada minuto transcorrido do desaparecimento do menino até agora aumenta a dor e o desespero de Cláudia, que teme tanto a chegada da noite quanto a interrupção nas buscas pelo garotinho.
"Não tá sendo fácil de jeito nenhum, porque eu quero encontrar meu menino e tá demorando demais. A hora só vai passando, vai escurecer de novo depois...", declarou aos prantos na manhã dessa quinta-feira (13).
Vinte e um bombeiros, ao todo, buscam por Eduardo nas regiões próximas à casa de onde sumiu. Além deles, há agora mergulhadores, cães farejadores e o apoio de um drone e sete viaturas. Moradores do bairro de onde o garotinho desapareceu também não descansaram durante a noite e se uniram às equipes para tentar encontrá-lo.
"Tem carro de som, bombeiros... As pessoas estão me ajudando muito, estão sendo muito solidárias. Não sabe ainda se tem qualquer pista pra ajudar a gente a saber onde é que ele tá", conta a mãe.
Na curta ligação intermediada por uma vizinha, Cláudia apelou por qualquer informação sobre o paradeiro da criança, ainda tão pequena: "Ele só tem dois anos, meu Deus, ele só tem dois aninhos. Meu filho é bonzinho demais, é um filho bom... Eu não quero dormir, só quero encontrar o menininho, só vou descansar quando ele for encontrado".
Veja imagens das buscas:
Como aconteceu
Minutos separam a imagem contente de Eduardo brincando com sua cachorrinha do retrato do quintal sem o menino e o portão entreaberto. Ainda na manhã de quarta-feira, Claudia saiu para o trabalho e, sem poder deixar o menino com a sogra, que precisou ir ao médico, o deixou com a irmã de 16 anos.
A adolescente, então, levou a criança consigo até um laboratório para exames e retornou para casa pouco tempo depois. "Ela chegou, deixou ele lá dentro de casa e ele abriu a porta da cozinha e veio brincar aqui no quintal. Ele tem esse costume de brincar aqui na frente, na grama, ele e o cachorrinho. Não demorou uns minutos, ela olhou e não deu conta dele", conta a mãe dos dois.
Como contou Cláudia, a casa é rodeada por cercas e o portão que a separa da rua permanece preso por um arame. Ela não sabe como Eduardo conseguiu abrir o portão. "Ele sempre brinca de pedrinha aqui na grama, juntava aqui. Nós amarramos o portão. Minha menina amarrou forte (nessa quarta-feira), eu não sei como ele conseguiu abrir".
Ao perceber o desaparecimento do irmão, a adolescente ligou para os bombeiros e para a Polícia Militar. Alguns minutos depois, a mãe chegou do serviço. "Eu já estava vindo do trabalho, não sabia o que estava acontecendo. Minha menina começou a gritar por mim, eu me desesperei. Nem entrei em casa, já comecei a procurar". Com o apoio dos moradores do bairro, a mãe o buscou por toda a região, principalmente em pontos onde o menino podia ter passado. "Ele costumava subir, ficava beirando a esquina que tem ali, mas ele nunca tinha sumido, de jeito nenhum".
Quem souber quaisquer informações que possam ajudar a encontrar o Eduardo, pode ligar para o telefone (31) 9.9523-8670.
Bombeiros não descartam hipóteses
O aspirante Toletino, à frente das buscas pelo garotinho, afirmou que todos começaram a procurá-lo nessa quarta-feira (12) por volta das 11h. "Quando fomos acionados as buscas foram iniciadas e durante toda a noite elas continuaram. O trabalho conta com mergulhadores, drones e cães farejadores, principalmente em locais de mata mais fechada e de bambuzais".
Ainda segundo o militar, até o momento não foi encontrado nenhum vestígio do pequeno Dudu. "O Corpo de Bombeiros não faz investigação, mas nós não descartamos nenhuma possibilidade. Todas as hipóteses são consideradas, mas nós estamos acreditando ainda que essa criança está nos arredores e o trabalho vai continuar até que isso seja confirmado ou descartado", completou.
(Com Adriana Ferreira e Thalita Marinho)