Quando o zoológico de Belo Horizonte reabrir - ainda sem previsão -, os visitantes certamente sentirão falta de dois animais que não mais serão vistos em seus recintos. Fechado desde março, o zoológico perdeu a leoa Hanna, de 12 anos, e a onça-pintada Jonas, de 20 anos. Elas morreram durante a pandemia, mas não há nenhuma relação entre os óbitos e o coronavírus. As causa foram naturais, segundo o zoo. Os corpos dos bichos foram cedidos ao acervo do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas.
A notícia triste vem acompanhada de outras melhores. Novos hóspedes chegaram ao local neste ano, com o nascimento de uma arara-azul-grande e um macaco-barrigudo. Outros três animais vieram de instituições parceiras por meio de intercâmbio: um cervo-do-pantanal, um mico-leão-da-cara preta e um mico-leão-da-cara dourada.
Fechada desde meados de março, a instituição tem experiência em programas de conservação de animais, vários inclusive ameaçados de extinção, e torce para que a chegada do cervo macho resulte em procriação com a fêmea Valentina, moradora antiga do zoo. “A intenção é que aconteça o pareamento para que se tenha filhotes no futuro”, explicou Humberto Mello, gerente do Jardim Zoológico.
Mortes
Os óbitos de Hanna e Jonas aconteceram por senilidade, segundo a administração do zoológico. Ou seja: os bichos estavam velhinhos. A morte mais recente foi de Jonas, uma onça-pintada da Mata Atlântica que tinha 20 anos. Em julho, o animal passou mal e os veterinários foram surpreendidos. Após uma severa depressão do sistema neurológico central, um exame de imagem identificou “corpos metálicos” no crânio do felino. As equipes acreditam que sejam resquícios de tiro de espingarda, provavelmente decorrente de caça da época em que o animal vivia na natureza. Segundo o zoológico, a suspeita é de que os problemas de saúde tenham sido decorrentes de contaminação por chumbo dos prováveis projéteis de arma de fogo. “Levamos um susto quando fomos fazer esse exame. Ninguém imaginava (que o animal estivesse com projétil no organismo)”, informou Mello.
A leoa Hanna já foi considerada uma das principais atrações do local, mas não conseguiu suportar o avançar da idade. Morta no fim de março, aos 12 anos, ela sofria de apatia e dores. Em seguida, desenvolveu um grave tumor maligno no abdômen que afetou vários órgãos, conforme a administração do local. “Foram doenças decorrentes de animais mais velhos”, informou o gerente.
A situação de Lolek, o leão africano nascido em cativeiro de um zoológico alemão, é boa. A lista de felinos é complementada pela onça-pintada Janes, e pelas onças-pardas Zeus e Apolo.
Outra comemoração durante o isolamento foi o aniversário da rinoceronte Luna. Com 50 anos completados em maio, ela é o animal mais velho do zoo, o que alegra muito os biólogos da instituição, pois o tempo de vida médio de um rinoceronte desse tipo na natureza é de 40 anos, segundo Mello.
Pandemia
Durante o período em que está de portas fechadas, o zoológico tem passado por pequenas reformas nas áreas dos gorilas, emas, aves, jacarés, entre outros. Segundo a administração, o isolamento trouxe pouco impacto no comportamento dos animais. Questionada se algum animal apresentou sintomas de coronavírus, a administração informou que não. Segundo a entidade, as pesquisas sobre o contágio da Covid-19 em bichos ainda são incipientes e inconclusivas. No zoo de BH, os animais não são testados, mas são monitorados. Nos Estados Unidos, no entanto, houve confirmação de casos de coronavírus em tigres.