Muito mais que beleza e até símbolo de sorte, as joaninhas possuem uma função crucial na natureza para a manutenção das espécies vegetais: elas ajudam a combater pragas como a mosca-branca, que conseguem destruir árvores como os majestosos e exuberantes ficus. E em Belo Horizonte, o inseto começou a ser usado no ano passado para controlar acabar com o problema.
Produzidas na biofábrica instalada no Parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul, o sucesso do projeto chamou a atenção até de especialistas na França – em novembro de 2019, o biólogo da prefeitura Wagner Resende apresentou o experimento na cidade de Caen. Mas, diante pandemia do coronavírus e as restrições do trabalho presencial, a criação das joaninhas foi reduzida e atualmente só 10% da população que havia em março é mantida no espaço. O índice foi mantido para que o projeto possa ser retomado posteriormente.
Com isso, também segue paralisada a soltura de novos insetos na cidade e também a entrega das joaninhas para a população interessa em combater as pragas em jardins e hortas para evitar riscos de exposição das pessoas. Antes da chegada da doença, as liberações das joaninhas ocorreim de dois em dois meses. E a produção segue sem previsão de ser liberada. "Aguardamos novo direcionamento na administração municipal para retomada da produção de larga escala e entrega aos cidadãos", argumentou a prefeitura em nota.
Segundo o Executivo municipal, as equipes ainda deixaram de realizar vistorias para analisar os resultados do projeto no controle de pragas devido ao isolamento social. E bons resultados do projeto como na avenida Bernardo Monteiro seguem temporariamente sem previsão de ocorrer. Fortemente atingidos pela mosca-branca, os ficus do espaço receberam 300 joaninhas em dezembro do ano passado.
"Após a liberação fizemos uma avaliação no local, em fevereiro deste ano, e não foi verificado surto populacional da mosca-branca, o que pode ter sido efeito da liberação das joaninhas", enfatizou em nota. A prefeitura acrescenta que as condições naturais podem ter ajudado no controle da praga. "Em caso de chuvas intensa pode ocorrer uma redução das moscas brancas. Em janeiro deste anos o município registrou o maior volume de chuva da história do município", informou.
Podas e supressões
Nesta semana, a reportagem do jornal O TEMPO flagrou a supressão de ficus na avenida Cristóvão Colombo, entre a Praça da Savassi e a avenida do Contorno, no Funcionários. A prefeitura informou que o serviço, que não foi paralisado na pandemia, ocorreu devido à movimentação da árvore, que estava inclinada e poderia cair na via. Em toda a capital, os principais motivos para o corte ou a poda da espécie são:
- Árvore plantada em local inadequado ao hábito de crescimento da espécie;
- Árvore plantada em local inadequado ao hábito de crescimento (porte) da espécie impedindo a mobilidade urbana de pedestre e pessoas com mobilidade reduzida;
- Árvore em senescência ("secando" ou morrendo);
- Árvore com copa assimétrica (sem simetria ou forma, causando o desequilíbrio da árvore);
- Árvore com galhos secos necessitando de limpeza;
- Árvore obstruindo iluminação pública;
E toda vez que uma árvore é suprimida, outra é plantada quando não houver "conflito com a legislação de acessibilidade". Segundo a prefeitura, os plantios "não ocorrem imediatamente, pois dependem de recursos humanos e financeiros e condições climáticas ideais". Em épocas de seca como a atual, o procedimento é evitado. Já em relação ao Ficus, a árvore não pode ser plantada nos passeios, já que "não é adequada [devido ao porte] e existem outras espécies de nossa flora que são mais indicadas".
Cidade perde 17 árvores por dia
Dados do poder público apontam que, entre janeiro e julho deste ano, já ocorreram 12.876 podas e 3.771 supressões em Belo Horizonte – diante do número, a cidade perde pelo menos 17 árvores por dia. O investimento no serviço, que ainda inclui a conservação e limpeza de praças, jardins e canteiros, para todo o ano está previsto em R$ 18,6 milhões.
A maioria das podas, que também funcionam como prevenção às quedas de árvores durante as chuvas, ocorreu nas regiões Noroeste (2.508), Pampulha (2.104) e Leste (1.653). Já as regionais Leste (650), Nordeste (612) e Barreiro (598) lideram as supressões. No ano passado, ocorreram 37 mil podas e 10,5 mil supressões, ao custo de R$ 15 milhões.