Os moradores da rua Santa Rita de Cássia, no bairro Paciência, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, não poderão voltar para suas casas nesta sexta-feira (24).
Os imóveis dos moradores continuam tomados pela água do rio das Velhas, que subiu de nível no início desta manhã. A movimentação de moradores, que se arriscavam na água suja para recuperar seus pertences, permanecia 12 horas após o início da inundação.
A casa do pedreiro João Antônio Pereira, 48, é a mais próxima do rio. Ele foi surpreendido às 7h, com o barulho da água, e conseguiu sair de casa com a esposa e os dois filhos.
"Consegui tirar a roupa do corpo e essa aqui, que está na mão. O resto ainda está tudo lá", conta, apontando para a muda de roupa que foi buscar na residência na noite desta sexta-feira. "Graças a Deus estava todo mundo acordado, ficamos espertos, e saímos".
Apesar de ter usado objetos para subir os móveis e eletrodomésticos na tentativa de não perder os equipamentos, o pedreiro já contabiliza os prejuízos.
"A gente subiu, mas a água já está chegando no pé. Não tinha jeito de levantar mais. Infelizmente vou perder geladeira, armário, máquina e cômoda", lamenta, explicando que a apreensão é permanente.
"A gente vive na apreensão (por morar ao lado do rio), mas não pode fazer nada. Tem que contar com Deus e a sorte. Seja o que Deus quiser, o importante é a vida. Se tem vida, tem condição de arrumar tudo novo".
Solidariedade
A família de João é uma das 30 que ficaram desalojadas e que estão abrigadas temporariamente na casa de festas Impacto, localizada em frente à rua.
Geladeiras, fogões, televisores, sofás e camas estão no local após o eletricista Gleiser Moreira ter cedido o espaço. "A solução mais prática foi trazer o pessoal para cá para não perderem os objetos", diz ele. O vaivém dos moradores teve início às 7h e só terminou às 16h.
Segundo Gleiser, as portas continuarão abertas para quem mora nos arredores. "Não é só a água baixar, eles vão ter que ir lá, limpar. Até lá, podem deixar as coisas aqui".
A rede de solidariedade é grande, e os amigos do eletricista estão ajudando os moradores. "Graças a Deus conseguimos muita coisa. Temos café, almoço e ganhamos almoço para domingo também.Quem mais ajuda pobre é o pobre", diz.
Apoio
A prefeitura de Sabará tem monitorado a situação causada pelas chuvas no município. De acordo com Nívea Soares, secretária de Defesa Social da cidade, foram enviados assistentes sociais para a casa de festas que está recebendo os moradores.
Além disso, a Igreja Quadrangular do Roça Grande, localizada no bairro de mesmo nome, tem recebido os desalojados.
"Há cinco pessoas na igreja, que não têm lugar nenhum para ir, e 30 famílias na casa de festas. Elas preferiram ficar lá por ser mais perto de onde moram", disse a secretária.
O município também está em estado de alerta para atender a população.
O Ginásio da Siderúrgica está preparado para receber mais moradores, caso necessário. De acordo com a secretária, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) deve enviar, neste sábado, 50 colchões, além de roupa de cama.
"Nosso banco de alimentos está abastecido. Nesta semana fizemos compra de cestas básicas e distribuímos para famílias".