Marcados pela tragédia do rompimento da barragem no Córrego do Feijão no ano passado, moradores de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, seguem assustados e, a qualquer barulho, pensam que o problema possa ocorrer novamente. Na madrugada desta sexta-feira (14), não foi diferente quando barulhos foram ouvidos durante a explosão de uma agência bancária no centro do município. Três criminosos morreram e dois foram presos.
"Sempre ficamos em alerta aqui. Qualquer barulho, a gente acha que é a sirene da Vale, que vai acontecer alguma coisa na cidade. Muita coisa mudou aqui desde aquele dia 25 de janeiro", relatou a atendente de uma lanchonete perto do banco, que pediu para não ser identificada.
Ainda de pijama, o aposentado Laércio Monteiro, de 68 anos, tentava entender o que estava acontecendo na cidade. Ele é um dos vizinhos da família mantida refém na rua Julieta Belmira dos Santos.
Durante a troca de tiros, dois dos criminosos percorreram cerca de 200 metros e invadiram o imóvel, ainda na madrugada. Eles chegaram a exigir a presença da imprensa para liberação das vítimas. Ninguém ficou ferido na residência.
"Eu estava dormindo, escutei os tiros e continuei dormindo. Depois acordei outra vez e fiquei da laje olhando. Sabe o que eu achei? Que era a Vale com esses negócios da barragem. Pensei que fosse problema outra vez, contou.
O idoso também percebeu a movimentação da polícia na via. Para a negociação com a dupla foi necessário fechar os dois pontos da rua.
"Vimos dois presos saindo daqui e os vizinhos assustados. Até agora estou tentando entender tudo", afirmou.
A casa em que a família foi feita refém permaneceu fechada, e quem estava lá dentro preferiu não comentar o caso.