Com a chegada da primavera, entre os meses de setembro e dezembro, Belo Horizonte torna-se ainda mais colorida e atraente graças à estação. Florescem com lentidão em meio à correria da cidade espécies de árvores exóticas e raras, frutos remanescentes da urbanização feita há mais de um século.
O inventário da Prefeitura de Belo Horizonte indica a existência de exatas 62 espécies na cidade que têm apenas um único exemplar plantado. Entre as raridades está o Agathis, um pinheiro africano que existe desde o tempo dos dinossauros.
“Sabemos que BH concentra algumas espécies raras, mas não porque estão em extinção, mas sim porque são muito apropriadas à arborização. É raríssimo encontrar uma tão grande quanto a que existe na rua Lavras, na região Centro-Sul de BH, próximo ao Pátio Savassi”, revela o engenheiro florestal Edinilson Santos, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Segundo ele, outras belas e raras árvores da capital são os fícus do canteiro central da avenida Silviano Brandão e o jequitibá rosa, que fica no quarteirão fechado da avenida Álvares Cabral, logo acima do Parque Municipal.
Em meio a tanta abundância de espécies, torna-se fácil encontrar um jardim propriamente dito nas calçadas de BH e, aliás, a orla da Lagoa da Pampulha, cartão-postal clássico da capital mineira, e seu entorno são vitrines onde encontram-se amostras de árvores que se espalham em outros pontos de Belo Horizonte.
“A florada do resedá, espécie exótica no Brasil, acontece agora na primavera. Ele apresenta várias cores, do cor-de-rosa até o branco. Tem um muito bonito na orla da lagoa da Pampulha, próximo à Iemanjá", revela.
"Há também sapucaias em várias pontos da lagoa. O diferencial dela é que as próprias folhas são cor-de-rosa. A orla é um mostruário da cidade. Praticamente todas as árvores existentes em Belo Horizonte também estão presentes na Pampulha”, conclui o especialista.
Trepadeira unha-de-gato na Pampulha
Com a estação mais florida do ano, tornou-se impossível atravessar a esquina da avenida Abrahão Caram com a rua Rebelo Horta, na Pampulha, sem diminuir o ritmo para contemplar os ramos da trepadeira unha-de-gato e seu amarelo intenso, que transborda o muro de uma casa.
Trata-se de uma trepadeira unha-de-gato, que recebe o nome em função de pequenas garras que têm e que assemelham-se às dos felinos. “Quando falamos sobre espécies ornamentais para jardins, é mais tranquilo perceber a presença do exótico. A maior parte destas espécies cultivadas aqui em Belo Horizonte são exóticas, ou seja, não são nativas do Brasil”, explica Santos.
Outras curiosidades
Top 10. Essas são as dez espécies de árvores mais comuns em BH, segundo a prefeitura: sibipiruna, murta, licuri, quaresmeira, areca, ipê rosa, alfeneiro, resedá, pata de vaca e ipê tabaco.
Ipê amarelo x sibipiruna. Muita gente confunde as duas árvores que produz flores em amarelo intenso, mas é fácil distinguir. “Os ipês não têm copa. Você vê apenas a flor. Já a sibipiruna não perde as folhas no inverno, então, na primavera, você consegue ver tanto as flores quanto as folhas”, explica Santos.
Ipê rosa. Diferente das outras espécies de ipê, o rosado não é nativo do Brasil, mas sim da América Central.
Brasil colônia. A existência significativa de árvores exóticas no Brasil é fruto da colonização portuguesa, além dos estudos prévios a respeito das características das espécies.