Na semana que o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, completa dois anos, cerca de 200 atingidos participam de um protesto contra a mineradora há mais de 30 horas. Conforme o movimento, o ato acontece em seis pontos da cidade: em portarias da empresa e nos bairros mais afetados pela lama. Em pelo menos duas áreas, há bloqueios para a passagem de pessoas e veículos em Córrego do Feijão.
Entre as principais reivindicações do protesto, que começou na madrugada da última quinta-feira (28), está a manutenção dos pagamentos emergenciais feitos pela Vale para toda a população de Brumadinho e quem vive a até 1 km da calha do rio Paraopeba até Pompéu, no Centro-Oeste de Minas – ao todo, mais de 106.000 pessoas recebem o auxílio. Os valores, que começaram em abril de 2019, deixam de ser depositados no dia 31 de janeiro.
"Também pedimos a manutenção das buscas e a reparação dos danos causados pela mineradora a muitas pessoas de toda a região. Até agora, não foi emitida nenhuma possibilidade de prorrogação dos auxílios e as pessoas sequer foram avisadas, o que deixa muitos na incerteza", conta Eduardo Fróes, uma das lideranças do movimento.
A expectativa é que o protesto só termine quando o grupo for recebido por representantes da empresa. "Ainda não fomos procurados por ninguém", acrescenta Eduardo. De acordo com dados da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social, contratada como assessoria técnica, mais de 54% dos atingidos em Brumadinho não exercem nenhuma atividade remunerada, o que pode agravar as condições de vida das famílias com o fim do pagamento do auxílio.
Prefeitura também defende continuidade
Em entrevista ao jornal O TEMPO publicada nesta sexta-feira (29), o prefeito de Brumadinho, Avimar Barcelos (PV), também defendeu a manutenção dos valores até que os estudos sobre os pagamentos sejam concluídos. “Muita gente foi mandada embora após o rompimento. Cortar o valor neste momento é errado. É uma pequena contrapartida que a Vale está dando para a população pelo que ela provocou. A mineradora deveria aguardar o retorno das assessorias técnicas, que estão avaliando quem realmente precisa receber”, disse.
Em dezembro de 2019, a empresa já havia cortado o valor pela metade – um salário mínimo por adulto, 50% por jovem e 25% por criança – para a população que não vive nas áreas mais atingidas pelo mar de lama, como os bairros Alberto Flores e Parque da Cachoeira.
A Vale ainda não se manifestou sobre o ato.