Mesmo com o dente colado com Super Bonder, o quadrinista Lacarmélio Alfêo de Araújo, mais conhecido pelo seu personagem Celton, de 60 anos, não perde o bom humor. Na noite desta quinta-feira (6), ele comercializava suas revistas na avenida Olegário Maciel, próximo à ALMG, quando atendeu ao telefonema da reportagem com uma gargalhada. O objetivo era falar do episódio em que apanhou e teve um dos dentes quebrados depois de reclamar do som alto que vinha de uma das casas da rua Diametral, no bairro Sagrada Família, na região Leste, onde mora há dez anos.

“Eu estou sempre de bem com a vida”, disse aos risos, “mesmo na época das vacas magras em que não tenho dinheiro para arrumar o dente", observa. O episódio, que foi retratado por ele em vídeo publicado nas redes sociais, aconteceu há cerca de 20 dias. Segundo o quadrinista, na rua há um lote onde moram pelo menos seis irmãos que fazem festas com frequência com música altíssima. “São os donos da rua”, resume.

Cansado da barulheira e arruaça - segundo ele, além da música, são frequentes o consumo excessivo de álcool e agressões  -, ele resolveu filmar as festas. “Eu pensei: vou gravar, juntar provas e fazer uma denúncia junto à delegacia. Um dos irmãos começou a ver que eu estava filmando e me ameaçou por diversas vezes. Até que um dia eu falei: agora você vai ter que me bater, vai me bater”, relatou.

E assim aconteceu. Segundo Lacarmélio, o homem lhe desferiu socos que lhe arrancaram um dos dentes e quebraram os óculos. Apesar das dor física e dos prejuízos materiais, a surra parece ter surtido efeito na tal família. Desde que apanhou, o quadrinista conta que as festas cessaram. “Nunca mais fizeram festas. O ruim é saber que daqui a pouco voltam”, contou sem perder o otimismo.

Vídeo chegou à PM

O quadrinista não chegou a fazer boletim de ocorrência junto aos militares. Então, foi a corporação que foi até ele. Segundo a PM, após a divulgação da filmagem, a corporação entrou em contato com ele para entender o que tinha ocorrido.

Lacarmélio confirmou aos agentes a versão de que tinha apanhado, mas que o barulho tinha acabado após o episódio. A PM também contactou um dos vizinhos para selar um acordo de paz, e este se comprometeu a diminuir o ritmo da festança e que, quando ela ocorrer, fazer de tudo para que ela “não atrapalhe a convivência com a vizinhança”.