Quase 70% das gripes graves em MG foram registradas no período mais frio em 2023

Baixa cobertura vacinal, mudança da estação do ano, variante da Covid-19 mais contagiosa. Esses são alguns dos fatores que preocupam especialistas sobre o período de outono e inverno, conhecidos pelo aumento de doenças do trato respiratório.

Nesta terça-feira (26 de março), o governo de Minas Gerais disponibilizou mais 10 leitos de Unidade de Tratamento Infantil (UTI) pediátrica na capital para auxiliar no atendimento à população. Para se ter uma ideia, no ano passado, quase 70% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram registrados no período mais frio do ano no Estado, totalizando 7.342.

De acordo com o infectologista Leandro Curi, um dos motivos preocupantes neste cenário é a baixa cobertura vacinal. Dados do governo de Minas Gerais mostram que apenas 17,93% das crianças de 3 e 4 anos têm o esquema vacinal contra a Covid completo. Entre a faixa etária de 5 a 11 anos, o percentual sobe para 63,33%, ainda abaixo do ideal, que é acima de 90%. O imunizante, conforme o especialista lembra, protege contra a piora clínica do paciente e, consequentemente, evita a transferência para UTIs.

“Sem a vacina, pode-se desenvolver um problema respiratório mais sério. Por isso, a preocupação com a cobertura vacinal”, diz ele, lembrando que a Covid leva à síndrome respiratória. “Além disso, algumas subvariantes da Ômicron são extremamente transmissíveis”, destaca ele.

Conforme o especialista, atualmente a Covid não apresenta mais os mesmos sintomas do início da pandemia. A falta de ar e a perda de olfato e de paladar deixaram de ser os sintomas mais comuns. Hoje, ela pode ser confundida com outras doenças, como alergia, sinusite ou resfriado. Por isso, é importante um diagnóstico médico, o que também aumenta o número de atendimentos nos hospitais.

“Alguns dos sintomas mais comuns da Covid-19 atualmente são a dor de garganta, nariz escorrendo e o mal-estar. Algumas pessoas podem ter sintomas mais sérios também”, diz ele.

UTIs em BH

Conforme anunciado pelo governo de Minas Gerais, o número de UTIs infantis do Estado em Belo Horizonte saltou de 16 para 26 após a abertura de dez novos leitos.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que no município há habilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 101 leitos de UTI pediátrica, além de 141 de UTI Neonatal. 

“É importante esclarecer que todos pedidos de internação passam pela Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde (CINT). O sistema é dinâmico e funciona 24 horas por dia, sete dias da semana. Quando a solicitação chega à Central de Internação, o quadro clínico do paciente é avaliado por um médico regulador e, de acordo com a disponibilidade de vagas, o paciente é encaminhado para o hospital”, informa a PBH.

Conforme o executivo municipal, o CINT faz busca ativa em todos os hospitais que atendem a Rede SUS-BH para definir as transferências. “Para a liberação da vaga, são utilizados critérios de prioridade que incluem gravidade e leito disponível. O tempo de espera varia de acordo com a especialidade do leito e a especificidade do caso”, esclarece.

Cuidados

Leia dicas do Ministério da Saúde para prevenção de doenças do trato respiratório

• Lave as mãos com água e sabão ou use álcool em gel, principalmente antes de consumir algum alimento;
• Utilize lenço descartável para higiene nasal;
• Cubra o nariz e boca ao espirrar ou tossir;
• Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
• Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
• Mantenha os ambientes bem ventilados;
• Evite contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe;
• Evite sair de casa em período de transmissão da doença;
• Evite aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados);
• Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.