Após chuva forte

Ruas do Lourdes estão quase reconstruídas, mas periferia de BH aguarda limpeza

Rapidez nas obras da região Centro-Sul tem chamado a atenção de moradores de outras regiões atingidas pelas inundações

Por Mariana Nogueira
Publicado em 31 de janeiro de 2020 | 09:26
 
 
 
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Quem viu a rua Marília de Dirceu, no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã da última quarta-feira (29), após a enchente que atingiu a cidade, se surpreendeu quando nesta sexta-feira (31) encontrou uma rua praticamente reconstruída.

Mesmo sem parte do asfalto, o cenário de guerra, em que carros foram arrastados, buracos foram abertos na via e árvores caíram sobre passeios, já virou passado para quem mora e trabalha no local. A rapidez nas obras, contudo, tem chamado a atenção de moradores de outras regiões atingidas pelas inundações, que aguardam, há uma semana, pela limpeza das áreas onde moram

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

DOIS LADOS DE BH - Quem viu a rua Marília de Dirceu, no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã de quarta, após a enchente que atingiu a cidade, se assustou quando encontrou hoje uma rua praticamente reconstruída. A rapidez nas obras, contudo, tem chamado a atenção de moradores de outras regiões atingidas pelas inundações, que aguardam, há uma semana, pela limpeza das áreas em que moram. É o caso da Vila Bernadete, também em BH, onde sete pessoas, de duas famílias, morreram soterradas durante a chuva que atingiu a cidade. Uma semana após a retirada dos corpos das vítimas, moradores afirmam que foram "esquecidos" pelo poder público. Acesse as reportagens completas, de Mariana Nogueira e @eucarolcaetano, pelos links em nossa bio: otempo.com.br/instagram. As fotos alternadas, que mostram a discrepância entre as duas regiões, são de Uarlen Valério @uarlen_valerio (Lourdes) e Fred Magno @fred.magno (Vila Bernadete). Estamos abertos para ouvir a resposta da Prefeitura de BH sobre essa diferença de tratamento.

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Por volta das 8h desta sexta-feira, cerca de 15 funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte chegaram à praça Marília de Dirceu para realizarem trabalhos como limpeza e poda de árvores na rua atingida. Ainda que com parte do asfalto retirada, a rua não tem nenhum ponto de interdição no trânsito. Os outros acessos da região também já estão liberados para carros e pedestres.

Morador do Barreiro, o taxista Gerônimo Antônio da Silva, 64, que trabalha ha 15 anos na praça do bairro Lourdes, lamenta a discrepância no andamento das obras. Na região dele, onde fica a Vila Bernadete, sete pessoas morreram soterradas na última sexta-feira (24), e até hoje moradores aguardam pela manutenção do local.

“Zona sul é diferente, né? Onde morreram pessoas lá, pergunta se passaram? Aqui é rápido. O homem mora aí, né? Zona sul. O pessoal tem que trabalhar e faz pressão. Eu não acho justo. Tem que ter direitos iguais. Infelizmente não é. Não adianta pensar, porque não é. Você vê a rapidez que eles arrumaram aqui, e lá? Não era para ter arrumado pelo menos uma limpeza? O Kalil diz que vai reconstruir tudo, eu quero ver”, afirmou.

Moradora da região Norte da capital e funcionária do bairro Lourdes, uma mulher, que pediu para não ser identificada, se assustou ao perceber a celeridade das obras. “A Prudente de Morais está quase pronta também. O asfalto está aí. Nos bairros periféricos a gente fica meses e até anos sem obras. Isso é muito triste, para mim como contribuinte e moradora de Belo Horizonte. O pessoal está chorando perda de carro, mas na periferia, perto de mim, caiu uma casa. Ou seja, a pessoa perdeu tudo o que tinha e até mesmo a dignidade. E vai saber se vai recuperar. A área Centro-Sul é sempre privilegiada, até mesmo na questão de recurso. Raposos estava aí e ninguém veio, a Prudente alagou e o presidente passou de avião. É uma constatação muito difícil", disse.

Resposta

Em nota, a prefeitura detalhou as ações realizadas pelo Executivo desde o início da chuva. Leia na íntegra:

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que no primeiro momento prestou todo apoio técnico com equipamentos, materiais e de alimentação ao Corpo de Bombeiros na operação de resgate às vítimas na Vila Bernadete. Logo após o ocorrido, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) realizou a limpeza das vias públicas no local com a utilização de retroescavadeiras, caminhões e hidrojato. A Sudecap e a Defesa Civil ainda vistoriaram todas as residências da região para avaliar os riscos das edificações.  

Além disso, as equipes de assistência social estão atuando nos territórios diariamente desde o dia 23 de janeiro. Neste período, foram realizados 152 cadastros na Vila Bernadete e 100 cadastros de famílias da Vila Ferrara. Além da busca ativa realizada no território, na Vila Bernadete, o Posto de Comando da equipe social foi montado na Creche Criança Feliz, rua 14, e recebeu e atendeu famílias com demandas diversas como orientações, encaminhamentos para segunda via de documentos, ajuda humanitária, refeições e, quando necessário, encaminhamento para acolhimento.

Um segundo posto foi montado na Escola Estadual Professora Maria Belmira Trindade, local para onde 120 moradores da Vila Ferrara/Bairro Bonsucesso se dirigiram na noite de segunda-feira, 27 de janeiro. Todas as famílias foram cadastradas e as demandas registradas. As famílias voltaram para suas casas e as demandas apresentadas foram encaminhadas e estão sendo atendidas. Cerca de 500 marmitex foram enviados para a região do Barreiro até este momento.

Atualizada às 11h48.

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