O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, continua internado em estado “gravíssimo” no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, em Belo Horizonte, após ser baleado na cabeça, à queima-roupa, por um suspeito que reagiu a uma abordagem na noite de sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte da capital. O militar, em estado “irreversível”, segundo afirmou a porta-voz da Polícia Militar (PM), major Layla Brunnela, está seguindo os protocolos médicos para suspeita de morte cerebral.

Segundo a PMMG, o sargento Dias deu entrada no hospital com dois projéteis alojados em “uma região complexa do cérebro” e um terceiro disparo na perna, que teria atingido uma artéria. Os protocolos para constatação de morte cerebral foram iniciados nesse sábado (6) e respeitam a regra de dois testes clínicos, separados por um intervalo de tempo, e um teste de apnéia, além de exames complementares, para constatar se a vítima ainda reage a estímulos. 

A perda completa das funções do cérebro caracteriza morte encefálica e, logo, a morte da pessoa. Mas, só depois que o protocolo é seguido por completo é que a equipe assistencial poderá dizer se houve ou não a morte do sargento. É essa a autonomia e o tempo que estão sendo respeitados pela corporação. “Nós só declararemos a morte desse policial militar, se acontecer, quando o próprio hospital o fizer", afirmou a major Layla Brunnela em coletiva de imprensa. 

Duas psicólogas da Polícia Militar estão acompanhando esposa e filha do sargento Dias. Além disso, parte da equipe também pediu por ajuda psicológica após o colega ser baleado.  

Suspeitos têm várias passagens por crimes

No sistema do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), O TEMPO encontrou algumas condenações do suspeito. No dia 18 de julho de 2023, ele foi preso após furtar, usando uma chave micha, o carro de uma pessoa que trabalhava no bairro Monsenhor Messias, na região Noroeste de BH. Após o dono do veículo flagrar o crime de dentro da empresa, o suspeito foi seguido e acabou detido.

Na decisão que converteu em preventiva a prisão do rapaz, a juíza Juliana Beretta Kirche destacou a reincidência do suspeito, que já tinha sido condenado anteriormente por "roubo simples, roubo majorado, corrupção de menores e identidade falsa".

Também foi possível encontrar outra condenação do suspeito que atirou no policial, desta vez por roubo a mão armada. O crime ocorreu no dia 07 de setembro de 2017, em plena luz do dia, às 13h, na avenida Antônio Carlos, no bairro Cachoeirinha, também na região Noroeste de BH.

Comparsa já foi preso por tentar matar policiais

Ainda conforme o sistema do TJMG, o segundo suspeito preso pela PM após o policial ser baleado, um homem de 33 anos, também possui diversas passagens pela polícia. Em uma das últimas, ele foi preso no dia 2 de março de 2023 por tentativa de homicídio, também contra policiais, quando o carro em que estava com outros dois jovens fugiu da PM e houve uma troca de tiros. Na ocasião, com o trio foram apreendidos uma pistola calibre 380 e toucas-ninja.

Na decisão, a justiça também ponderou que o suspeito já tinha três condenações, todas pelos crimes de roubo. No dia da prisão, ele estava em liberdade condicional, mas ainda cumprindo pena por um dos crimes passados. Ele também possui passagens por receptação e tráfico de drogas.

O caso

O militar foi atingido por disparos à queima-roupa na noite dessa sexta-feira (5), quando guarnições do 13º Batalhão perseguiam dois suspeitos na Avenida Risoleta Neves. Em dado momento, o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.

Um deles foi alcançado por um sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e da ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. 

O militar foi socorrido por colegas para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, mas dada a complexidade do caso, foi encaminhado ao João XXIII. O militar tem 29 anos e atua na Polícia Militar há cerca de 10 anos. Ele é pai de uma criança recém nascida.