A crise da pediatria poderá estender para outras especialidades da rede de saúde, em Belo Horizonte. É o que alerta o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sindmed-MG). A Associção não descarta que outros profissionais, além dos pediatras, possam pedir demissão do Serviço Único de Saúde (SUS) da cidade.
De acordo com o Diretor de Projetos e Pesquisas Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sindmed-MG) e médico na Prefeitura de BH, Artur Mendes, os recorrentes pedidos de demissão são reflexo de decisões da gestão municipal, consideradas equivocadas pela categoria. Mendes aponta que as situações de violência e de assédio, a sobrecarga de trabalho e falta valorização do servidor são alguns dos motivos para o abandono da Rede SUS-BH. "A Prefeitura finge que nada está acontecendo", desabafa.
Na manhã desta sexta-feira (15), o serviço de pediatria foi suspenso na UPA Leste devido a falta de médicos. Os pacientes tiveram que procurar atendimentos em outras UPAs e postos de saúde da capital. Nos últimos dois meses, pelo menos 20 profissionais teriam deixado os postos de trabalhos em toda a rede pública. A decisão teria sido motivada principalmente pela sobrecarga de serviços e falta de condições para o exercício das atividades. Um comitê, formado por médicos que atuam nestes locais, teria sido criado para discutir os problemas. A Prefeitura reconheceu as saídas, mas alegou que apenas 5 profissionais deixaram o cargo.
"O Sindicato tem avisado a Prefeitura não apenas da pediatria, mas de todo o corpo médico", alerta Artur Mendes. Segundo ele, os pedidos de demissões de profissionais de outras especialidades já ocorrem, mas os problemas com a pediatria só estão sendo percebidos devido ao aumento na demanda de atendimentos de pacientes com sintomas respiratórios. "Só agora estão lembrando que os pediatras existem, mas esses problemas ocorrem o ano todo", conta.
Em abril deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde realizou um concurso para a contratação de médicos pediatras para atuar, por tempo determinado, na Rede SUS-BH. O concurso foi realizado com objetivo de reforçar as equipes das unidades de saúde da capital e garantir assistência à população. No entanto, para o diretor do Sindmed-MG, o processo não teve êxito. "Esse concurso demorou a chamar os candidatos, muitos já tinham procurado um outro local para trabalhar. Outros, com as condições oferecidas, não chegaram a tomar posse", disse.
A Prefeitura justifica que foram feitas contratações de profissionais de saúde, sendo 16 médicos para a UPA Norte e outros 18 para a UPA Leste. As admissões foram de médicos generalistas, que podem atender também o público infantil. Em nota, disse que também concedeu um aumento no valor dos plantões extras de 35% em todas as unidades da rede SUS-BH e que mantém um banco de currículos para contratação imediata de médicos. Os interessados devem acessar o portal da Prefeitura para realização do cadastro.