As lembranças felizes que a dona de casa Lucélia Santos de Faria, 40, tinha da filha Kethlin Faria Soares, 20, no convívio diário com a família agora se misturam com a cena de resgate do corpo da menina que ocorreu na última sexta-feira (12), na Várzea das Flores, em Contagem, na região Metropolitana. A jovem morreu após uma lancha em que ela estava com amigos no local afundar. Catorze pessoas estavam na embarcação que comportaria apenas sete e antes da confirmação da morte, Kethlin ficou 21 horas desaparecida. A mãe confirma que a menina não sabia nadar.
A cena do resgate do corpo foi tão marcante que Lucélia diz não conseguir comer e dormir direito nos últimos dias. Para ela o mais intrigante é que o dono da lancha, Carlos Alberto Alves, conhecido como capitão, fugiu logo após a embarcação afundar, sem prestar socorro a nenhuma vítima.
“Ele fugiu, viu todo mundo afundando e simplesmente se salvou. Ele sabia nadar, porque não voltou?”, questiona. “Eu queria sim que ele se apresentasse, que tivesse dignidade. Ele não teve signidade para ajudar a turma do ‘rolé’ dele, a turma da cachaça, a turma da bagunça que ele tivesse a dignidade para dar uma satisfação para mim, por que eu quero saber o que aconteceu naquela lancha. Eu quero saber se teve briga, se minha filha levou alguma ‘cacetada’, eu quero saber. É meu direito”, afirma Lucélia Santos.
Ainda na noite da última quinta-feira (11), quando soube da notícia de que a lancha em que a filha estava afundou, ela diz ter corrido para a Várzea das Flores para tentar ter alguma notícia da menina. Ao chegar no local, todos haviam sido resgatados da água, menos a filha. “vamos supor que realmente foi um acidente, porque eu não sei o que aconteceu dentro da lancha. Aconteceu alguma coisa, com certeza. Eu não sei se na virada ela pode ter batido a cabeça na lancha, eu só sei que quando ela emergiu, ela não subiu”, lamenta.
A mãe também questiona o tempo para o resgate da filha. Com a pouca visibilidade na noite do acidente, os militares do Corpo de Bombeiros que atuavam no salvamento optaram por encerrar as buscar e retomá-las na manhã de sexta-feira (12). Para Lucélia Santos, o tempo também foi um fator determinante para a morte da filha. “Deixaram para iniciar a busca da minha filha no outro dia de manhã”, lamenta.
Nessa segunda-feira (16), Lucélia Santos esteve no mesmo cartório em que esteve para registrar o nascimento da filha, mas dessa vez, para pegar a certidão de óbito. “Eu estava falando com a minha mãe. A minha menina foi registrada no cartório Nogueira e infelizmente hoje eu fui buscar a certidão de óbito dela no cartório Nogueira também. Eu dei a luz à ela as 15h30 e ela foi também foi encontrada esse horário. Eu não sei o que está acontecendo, se é teste de Deus, mas só sei que estou sofrendo muito”, afirma.
Em nota a Polícia Civil informou que foi instaurado inquérito policial para apuração dos fatos e as investigações estão em andamento. Pontuou ainda que “testemunhas serão ouvidas nos próximos dias e também são aguardados laudos periciais”. A nota ainda pede que “quem tiver alguma informação que possa colaborar para elucidação do caso pode se dirigir à 5ª Delegacia de Polícia Civil em Contagem ou ligar para o Disque 181”.
A reportagem solicitou e aguarda um posicionamento do Corpo de Bombeiros sobre os questionamentos de Lucélia Santos em relação ao resgate da filha.