A mulher de 40 anos que matou brutalmente a grávida Mara Cristina, de 23 anos, para roubar a filha dela, em João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais, forjava uma gravidez.

No Facebook da suspeita ela tinha fotos com um sapatinho de criança na barriga como se estivesse grávida. Ela chegou até a dar nome para a suposta filha e dizer que ela seria bem-vinda.  As fotos foram postadas no mês de setembro. 

O corpo de Mara foi encontrado, nesta terça-feira (16), amarrado a um tronco, enforcado e com sinais de que o bebê tinha sido retirado de sua barriga. A suspeita confessou o crime em depoimento à Polícia Civil e deu detalhes cruéis da morte. 

O delegado regional de Paracatu, Carlos Henrique Gomes Bueno, contou que a suspeita estava simulando a gestação há algum tempo. No entanto, segundo o delegado, exames mostraram que não havia gravidez. Essa é uma das hiptéses que podem concluir que o crime foi planejado. 

"Ela disse que atraiu a vítima para um terreno na BR-040 dizendo que ia pegar umas cascas de árvore. Chegando lá a dopou com álcool, depois disso ela enforcou a vítima com um arame e amarrou o corpo a uma árvore para retirar a criança. Ela pegou uma faca de cozinha e retirou a menina. A Mara ainda estava viva quando isso aconteceu, segundo a suspeita", contou o delegado.

A suspeita, de 40 anos, disse que agiu sozinha, mas ela e o marido, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e foram encaminhados ao sistema prisional. De acordo com o delegado, apesar da mulher dizer que agiu sozinha, será investigado se outras pessoas participaram do crime. 

"A gente acredita que outras pessoas estejam envolvidas no crime, por que essa história de ter topado a vítima com álcool não convence. A vítima gritaria ou tentaria fugir. Pode ser que alguém tenha ajudado a segurar a Mara", suspeita o delegado. 

Na primeira versão que deu para a Polícia Militar (PM), a suspeita chegou a dizer que uma terceira mulher tinha envolvimento na ação. No entanto para o delegado ela mudou a história. O marido da suspeita também foi ouvido e negou o crime. 

Bueno contou que em todo o depoimento a suspeita se mostrou fria e não se mostrou arrependida com o crime. Ele disse que ela se aproximou da grávida já com o intuito de roubar a criança. "As duas moravam juntas há uma semana, ainda vamos apurar com a família de Mara porque elas moravam juntas. A partir da prisão dos suspeitos (nesta terça-feira) temos 10 dias para concluir o inquérito", concluiu o delegado. 

A mulher toma remédios controlados, mas segundo o delegado ela não tem problemas mentais e está apta a responder por seus atos. Ela já tinha passagens pela polícia por roubo. A faca usada para abrir a barriga da mulher não foi encontrada pela polícia. 

O casal será indiciado por homicídio qualificado - a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão e por além do crime de dar parto alheio como sendo de parto próprio - que tem uma pena de 2 a 6 anos. 

O crime 

O corpo de Mara foi encontrado, nesta terça-feira (16), amarrado a um tronco, enforcado e com sinais de que o bebê tinha sido retirado de sua barriga. Mara estava desaparecida desde segunda-feira (15).

O corpo dela foi encontrado em um terreno perto de um posto desativado da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as margens da BR-040, ainda dentro da cidade de João Pinheiro na tarde desta terça-feira.

No Instituto Médico-Legal (IML) o corpo de Mara passou por exames.  Ela foi velada e enterrada nesta quarta-feira em João Pinheiro.

Sobre a filha

A recém-nascida, filha da vítima, sobreviveu ao crime e está internada estável no Hospital São Lucas em Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Segundo nota do hospital, a criança está estável, mas como nasceu prematura e requer cuidados médicos ficará internada e ainda não há previsão de alta. 

Descoberta do crime

O caso passou a ser investigado nesta segunda-feira (15), depois que o casal suspeito do crime chegou com a recém-nascida de Mara no Hospital Municipal de João Pinheiro dizendo que a menina era deles.

Ainda segundo a polícia, a bebê estava ferida na cabeça e precisou ficar hospitalizada. Os médicos do hospital desconfiaram da versão e pediram a mulher para fazer exames, por que ela não aparentava ter ganhado um bebê recentemente. Com a desconfiança, a Polícia Militar foi acionada.

Enquanto os militares registravam a ocorrência, eles receberam a informação que uma mulher de 23 anos estava grávida de 8 meses e tinha desaparecido. Familiares de Mara relataram que ela morava junto com a mulher de 40 anos, suspeita do crime.

Depois de insistência dos militares, a suspeita confessou que o recém-nascido não era dela e disse que não sabia onde a mãe da criança estava. Segundo a mulher relatou aos militares, a última vez que viu a desaparecida foi no bairro Água Limpa, onde as duas teriam se encontrado com uma amiga delas.

Essa terceira mulher teria feito o parto da jovem de 23 anos e depois chegou com a criança nos braços e pediu para que a suspeita a levasse ao hospital, pois a menina estaria machucada. A suspeita chamou o marido e os dois levaram a neném para o hospital. Mara tem uma outra filha de um ano que ficou aos cuidados de familiares.