As agressões brutais sofridas por um casal de policiais em Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, no último domingo (5), que deixaram a mulher, que é cabo da PM, em estado grave, e o homem, um coronel reformado, sem um dos olhos, foram motivadas pela profissão deles, segundo a Polícia Civil. Após mais de seis horas de depoimentos nesta terça-feira (7), dois dos envolvidos confessaram o crime e disseram ter agido após descobrirem os ofícios das vítimas. Embora três deles tenham morrido em confronto com a polícia, outros suspeitos ainda são procurados. O crime seria parte de uma sequência de delitos cometidos pelo grupo no mesmo dia.
Wendel Oliveira Silva Rodrigues, 22, e Diego Mateus de Oliveira Santana, 23, foram autuados por latrocínio tentado conjugado com associação criminosa e encaminhados ao Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A defesa de Diego Santana já havia informado que ele, que seria motorista de aplicativo, teria participado como piloto do grupo, enquanto o outro preso teria realizado a abordagem a mão armada dos oficiais, de acordo com a polícia. O delegado Marcus Vinicius Lobo Leite Vieira, do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), disse que grupo estava cometendo outros crimes quando chegou aleatoriamente ao sítio dos policiais.
“Eles estavam praticando outros furtos na região, que tem vários sítios. Eles cometeram um furto e, ao passarem em frente ao sítio dos policiais militares, verificaram que a porteira estava aberta e eles estavam fazendo um tipo de limpeza. Resolveram fazer a abordagem. Eles confessaram que ao perceberem que se tratava de policiais militares, desistiram de subtrair o que pretendiam, subtraíram o veículo automotor, encontrado posteriormente em chamas, e também os aparelhos celulares das vítimas, que foram dispensados na rodovia 381”, disse.
Ainda segundo o delegado, agressões aconteceram, sem dúvida alguma, devido a profissão das vítimas. “Eles encontraram medalhas, homenagens que o coronel tinha recebido quando militar na ativa, e aproveitaram para iniciar as torturas. A nova etapa da investigação consiste em delimitar quem foi responsável pelas agressões. Já temos alguns indicativos. A polícia civil não descarta nenhuma hipótese, mas a primeira já concluída é que se trata de uma reação em razão da profissão das vítimas, por se tratarem de policiais militares, então eles foram brutalmente agredidos em razão da profissão”, afirmou.
Ainda segundo a Polícia Civil, todos os suspeitos estavam drogados no momento do crime. As vítimas, inicialmente, não teriam esboçado nenhuma reação, sendo amarrados e brutalmente agredidos após serem notados como policiais. Outras participações não são descartadas.
“Confessaram a participação de alguns, negaram a participação de outros. Por isso a polícia civil precisa juntar outras provas para concluir a participação efetiva dos demais envolvidos. A Polícia Civil não descarta a participação de ninguém. Não pode dizer que trata-se de cinco, de quatro”, disse o delegado.
O delegado confirmou que um dos suspeitos esteve envolvido em um crime de roubo semelhante no qual dois idosos foram agredidos, mas não entrou em detalhes para, segundo ele, não atrapalhar as investigações.