A combinação de tempo seco com queimadas florestais tem levado muitas crianças com problemas respiratórios ao Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte.

A umidade do ar na capital mineira chegou a 12% nessa quarta-feira (18), o dia mais seco do ano, com índices semelhantes ao de deserto. 

Para complicar,  uma névoa de fumaça tomou conta da cidade na noite de quarta-feira por causa das queimadas na capital e região metropolitana.

Tosse e choro

O pequeno Samuel, de apenas 2 meses de idade, precisou ser levado às 2h da madrugada desta quinta-feira para o Hospital João Paulo II. 

Segundo a mãe dele, a autónoma Júnia Gonçalves, de 20 anos, que mora no bairro Morada Nova, em Ibirité, na região metropolitana, o bebê não consegue respirar por causa do tempo seco, tosse e chora muito.

"Ele está com muita dificuldade de respirar por causa do tempo seco e chora muito. Acabou ficando com asma", lamentou a mãe.

Samuel também apresentava secreções nos olhos e espirrava muito. "Só foi no tempo ficar desse jeito que ele começou a adoecer. Está tomando remédio tida hora", lamentou a mãe. "Tem três dias que eu não durmo. Não estou nem me alimentando por causa dele", comentou Júnia.

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Cheiro de fogão à lenha

O tempo seco também afetou a saúde de Miguel, de 7 anos, que também precisou ser levado ao João Paulo II pela mãe, a secretária Fabíola Rezende Lemos, de 45 anos.

Segundo a mãe, a fumaça que tomou conta de Belo Horizonte na quarta-feira só piorou s situação. "A cidade ficou com cheiro de fogão à lenha", comparou a secretária. 

Além de dificuldade de respirar, Miguel também reclamava de dores no peito.

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Belo Horizonte está tomada por névoa de fumaça de incêndios nesta quinta-feira. Esta imagem é do bairro São Lucas. Foto: Mariela Guimarães

Fhemig não comentou

A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que administra o hospital, foi procurada pela reportagem e ainda não se manifestou.

Prefeitura de Belo Horizonte registrou aumento de casos de doenças respiratórias

É necessário observar um período maior para que se possa associar os casos de doenças respiratórias ou desidratação dos últimos dias ao tempo seco e altas temperaturas registrados nessa semana.

Neste ano, o que já se observou é que houve um aumento dos episódios de síndrome respiratória aguda - caracterizada por febre, tosse, dispneia ou desconforto respiratório – se comparado ao ano de 2018.

Constituem casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave todas as pneumonias, bronquites, bronquiolites e outras infecções de vias aéreas inferiores, que podem ser causadas por diferentes agentes etiológicos, especialmente vírus e bactérias.

Em 2018 foram 1.370 registros e em 2019 já são 1595 casos no mesmo período. 

Matéria atualizada às 16h36