“Faltam oito pessoas para serem encontradas, e com certeza serão. Quanto mais agilidade e tecnologia empenhadas, será melhor, afinal, a espera é extremamente dolorosa”. A afirmação é de Alexandra Andrade, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), sobre a utilização de um novo equipamento nas buscas por vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A operação de buscas, a maior do tipo já realizada no Brasil, faz 1.000 dias nesta quarta-feira (20). “É muito importante esse trabalho, mesmo com pouco mais de dois anos e meio da tragédia, foi provado pelo encontro da última vítima, que ainda tem como encontrar nossas joias”, disse a liderança da entidade. 

A novidade tecnológica foi divulgada nesta segunda-feira (18) pelo Corpo de Bombeiros. Trata-se de uma estação de buscas, que se baseia no uso de um maquinário elaborado especificamente para realizar a separação de possíveis resíduos humanos. Desde que a novidade foi implantada, no último dia 22, foram enviados mais de 900 fragmentos para comprovação técnica pericial. Um dos itens possivelmente é osso humano, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros.

Cerca de 4.000 militares participaram das ações desde a tragédia e já localizaram 262 vítimas – oito seguiam desaparecidas até a publicação desta reportagem. 

A expectativa da corporação é que, além do maquinário, que atualmente funciona 12 horas por dia, durante os sete dias da semana e chega a separar toneladas de resíduos por hora, outras quatro máquinas com a mesma potencialidade de trabalho e separação sejam implantadas nas áreas de buscas até janeiro do próximo ano.

Questionada sobre o valor do equipamento e a fonte dos recursos, a corporação informou que vai responder na próxima quinta-feira, em entrevista coletiva.

Sem parar
Segundo  o tenente e porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, mesmo com a integração de recursos técnologicos e a certeza na agilidade dos processos de busca, a operação ainda não possui previsão de encerramento.

"O Corpo de Bombeiros reafirma o compromisso da tentativa de localizar todas as vítimas da tragédia, e a operação segue por tempo indeterminado", explicou Aihara.

Identificações

A vítima identificada mais recentemente é Angelita Cristiane de Assis, de 37 anos, que era técnica de enfermagem do trabalho na Vale. O corpo foi achado em 5 de agosto, pelos bombeiros. A identificação foi divulgada no último dia 6. 

ESTRATÉGIAS DE BUSCA 
Saiba mais sobre as fases da operação 
1 - As primeiras equipes que chegaram ao local após o rompimento da barragem usaram aeronaves e cães para a realização das buscas. 

2 - No quarto dia de buscas, foram construídos e refeitos acessos às áreas atingidas. Estruturas arrasadas pela lama de rejeitos foram demolidas. 

3 - No 41° dia, houve o empenho de maquinários pesados, como retroescavadeiras, para busca de corpos soterrados. 

4 - Por meio de cruzamentos de dados e avaliações do espaço, o maquinário pesado continuou a ser usado para escavações profundas. 

5 - Escavação com profundidade a partir de três metros. 

6 - Uso de tecnologias e recursos que quantificam os rejeitos já vistoriados ou pendentes de vistoria. 

7 -  Instalação de tendas para garantir a verificação correta do rejeito seco durante o período chuvoso. 

8 - Uso de maquinário tecnológico para agilizar buscas de fragmentos humanos. 
(FONTE: CORPO DE BOMBEIROS DE MINAS GERAIS)