“Papai, me tira daqui!”. O grito desesperado era de um menino de 5 anos. Ele pedia ajuda ao pai ainda entre as ferragens do carro em que estava com a mãe, a avó e uma amiga da família e que capotou na madrugada de segunda-feira (10) na BR–040 em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. A família voltava do Rio de Janeiro, onde passou o feriado da Independência.

Ao mesmo tempo em que a criança era ajudada pelo pai, Gustavo Henrique dos Santos, de 24 anos – que assistiu ao acidente, pois seguia em um carro logo atrás do Honda Fit onde estavam as mulheres –, bombeiros e equipes da concessionária Via 040 tentavam salvar as outras vítimas. Mas nem todas sobreviveram.

A motorista do Honda Fit, identificada apenas como Vanderleia, morreu ainda no local do acidente. Avó do garoto, Eci da Cunha, de 50 anos, chegou a ser retirada das ferragens, mas acabou falecendo a caminho do hospital. A mãe do menino e ele foram levados para o pronto-socorro do Hospital João XXIII.

“Eu fiquei sem reação quando me deparei com elas naquela situação. Eu chamava, ninguém respondia. Uma sensação horrível. Por fim, meu filho gritou “papai, me tira daqui”, lembrou Santos.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 4h30. “Quando as nossas viaturas chegaram, as equipes da Via 040 estavam tentando retirar as vítimas de dentro do veículo. Eram três mulheres e uma criança”, contou o tenente Sérgio Magalhães, do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros.

Causas. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas, mas, segundo os bombeiros, o excesso de velocidade é uma hipótese. “A perícia esteve no local, e quem pode responder com exatidão é a Polícia Civil. Acreditamos que o excesso de velocidade foi uma das causas que motivaram a perda do controle do veículo e a colisão contra o barranco”, disse o tenente Magalhães. (Com colaboração de Nelson Batista)

 

Menino é salvo por cadeirinha

Ainda em estado de choque, familiares e parentes das vítimas recolhiam objetos pessoais que ficaram espalhados após a capotagem. Cadeiras de praia, bolsa térmica, uma bola e uma cadeirinha de criança, que pode ter evitado que o menino tivesse mais ferimentos, estavam entre os pertences.

À reportagem do Super Notícia, Gustavo dos Santos contou que o filho estava na cadeirinha, o que salvou a vida do garoto. “Se ele não estivesse na cadeirinha, poderia ter sido jogado para fora do veículo”, contou.

No João XXIII, parentes da mãe e da criança contaram que a família é do bairro Lindeia, na região do Barreiro, na capital. “A mãe teve fratura na bacia, na perna e no braço e vai precisar passar por cirurgia”, contou um familiar, que pediu para não ter o nome publicado. Gustavo Santos disse que o filho recebeu alta ainda nesta segunda-feira.

Estradas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve um aumento de 41% no número de autuações de pessoas que não usavam as cadeirinhas para bebês nas rodovias de todo o país neste feriado da Independência em relação ao do ano passado. Neste ano, em Minas, foram 820 acidentes, com 1.037 feridos e 82 mortos.

Minientrevista

Gustavo dos Santos

Pai do menino

Como foi o acidente?

Só vi quando subiu uma poeira. Aí paramos o carro e vimos aquela cena horrível.

Qual foi sua reação?

Fiquei sem reação. A primeira coisa que fiz foi desligar o carro. Eu chamava, ninguém respondia. Uma sensação horrível. Por fim, meu filho gritou “papai, me tira daqui”. Destravei a cadeirinha e puxei ele. Minha namorada estava ao lado dele, respirando com muita dificuldade.

Você tem ideia do que possa ter causado o acidente?

Não. Mas sei que a motorista não estava correndo. Eu estava a uns 70 km/h ou 80km/h, e foi assim, na minha frente que tudo aconteceu.