Trinta mudas de espécies frutíferas, plantadas no canteiro central da avenida Bernardo de Vasconcelos, no bairro Cachoeirinha, na região Nordeste de Belo Horizonte, foram arrancadas no início da semana. O crime foi percebido na terça-feira (20) a tarde.

"Olhar isso aqui me dá vontade de chorar. Tinha pé de limão, pitanga, flamboyant e várias outras. Não dá pra entender como alguém tem coragem de fazer isso", lamentou Antônio Cândido Lages. Ele é coordenador do projeto Pomar BH, que revitaliza espaços públicos com o plantio de árvores desde 2017. "Aqui (na avenida Bernardo de Vasconcelos), tínhamos 54 árvores do projeto, cuidadas por voluntários desde 2018. Sempre tem vandalismo, mas, desta vez, foi demais", disse.

Ao todo, segundo o coordenador, são mais de 300 pessoas envolvidas no projeto. Na região onde foi o crime, os cuidados com as árvores ficam a cargo de duas voluntárias. A guardiã da natureza Olga Maria dos Santos, foi quem viu as mudas destruídas.

"Sinto como se tivéssemos tirado meus filhos de mim. As pessoas precisam entender que a natureza precisa de nós, mas nós precisamos muito mais dela. Esse tipo de ação covarde e sem propósito é uma vergonha e uma falta de respeito", lamentou.

A Polícia Militar foi acionada na noite de quarta-feira (21), mas, segundo o coordenador do Pomar BH, os militares se negaram a atender a solicitação. "Ele disse que eles não fazem esse tipo de BO e me sugeriram procurar o Ibama ou Corpo de Bombeiros. Mas aí eu perguntei: destruir a natureza não é crime?", Contou.

A reportagem procurou a assessoria da PM. Sem responder o motivo pelo qual o registro não foi feito, a corporação enviou uma nota dizendo que "o Projeto Base de Segurança Comunitária (BSC) disponibiliza diversos serviços para população. Dentre eles, o Registro de Defesa Social".

A assessoria do Corpo de Bombeiros disse que atua na preservação de vidas e bens, mas não fiscaliza depredação de bens e patrimônios. 

Os voluntários planejam replantar as árvores na avenida e, segundo o coordenador, desta vez, a ideia é trazer mudas maiores, para evitar novos ataques. O grupo também vai tentar pegar as imagens de câmeras de segurança do comércio local para ajudar na identificação dos autores do vandalismo.